O Oceano do Tempo
No oceano do tempo, somos um cardume de nadas caminhando pro vazio. É assustador fechar os olhos e pensar que, daqui pra longe e muito longe - só haverá mais água e escuro, e pra mais além também..
Um a um desaparecemos nas águas: Olhamos pra trás e oque era cem agora é só noventa, uns sete pros mais velhos; alguns nadam sozinhos, e além é o único nome do porto..
Paro e interrogo a alma:
À que vim à esta vida?
Meus antepassados morreram e se reproduziram, e foram se estendendo em pontes de carne até mim. Terei uma filha, e ela terá filhos e eles e os próximos deles também mas.. À que isso tudo? De que vale o nadar se não existe fim? As pessoas que amo passam com seus sonhos, caem com eles, e todos continuam sorrindo! E vão!
Porquê?
*noto-me sozinho no escuro*
(Um peixinho morreu lá longe e ninguém viu..)
Gosto do sorriso dela,
Queria que ela segurasse a minha mão antes que eu caísse..
Mas..
Onde estão todos?
*noto a escuridão me observando
faminta!*
Aperto o nado e ali estão, não os perdi de vista! Ela continua lá e esta bem..
Eis o sentido do nado: Por maior que sejam a conjuntura de vazios, ainda assim somos maiores que o escuro. O solitário morre e some, mas juntos, o nome do porto é além! E o sorriso dela é inimaginavelmente maior agora que qualquer queda em algum lugar dessas águas!
O sentido da vida é sempre o próximo.