O cronista psicografado
Felizes os mortos que, uma semana depois de sepultados, ainda têm amigos na terra"
Humberto de Campos
1. Desde sempre, sou admirador de Humberto de Campos, que morreu, no Rio de Janeiro, faz, hoje, oitenta e três anos. Isso mesmo: no dia 5 de dezembro de 1934, o Brasil, com pesar, se despediu desse consagrado escritor maranhense.
2. Vamos ser francos: o cronista, jornalista, poeta, memorialista Humberto de Campos é pouco lembrado nos dias que correm. As editoras não reeditam sua inconfundível obra, toda ela escrita com o coração, o que a torna encantadora.
3. Em uma de suas crônicas, disse ele: "Eu não nasci para amigo dos felizes, mas para confidente dos desgraçados". E em outra: "A Justiça tem na mão uma espada, quando devia ter, no lugar desta, um coração".
4. Seus livros - é mesmo de se lamentar - não estão nas grandes nem nas pequenas livrarias, à disposição dos fãs da boa leitura. Podem ser encontrados, soltos e escondidos, em algum sebo. Foi num sebo de São Paulo que adquiri a maior parte das crônicas do autor de "Sombras que sofrem".
5. Sua extensa e atraente produção literária, também erudita e elegante, não é lembrada nos vestibulares, concursos públicos ou privados e -pasmem! - nas salas de aula. Exímio prosador, Humberto de Campos podia, perfeitamente, figurar ao lado de Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Machado de Assis, autores citados, como outros mais, com justificada frequência.
6. E o mais estranho, diga-se a verdade, é que no atual cenário literário do Brasil, cita-se, como gênios, cantores e compositores não muito familiarizados com a gramática e fracos na formulação de suas ideias e pensamentos.
7. Delicio-me relendo "A funda de Davi", "Mealheiro de Agripa", "A bacia de Pilatos", "Os párias", "Reminiscências", "Contrastes" e outros livros desse maravilhoso cronista.
8. Humberto de Campos nasceu na pequenina Miritiba (hoje tem o seu nome) no dia 25 de outubro de 1886. Quando tinha seis anos de idade, sua mãe, Ana de Campos Veras, ficou viúva de Joaquim Gomes de Farias Veras. Com a morte de Joaquim, a família Campos mudou-se para São Luís e depois para Belém do Pará.
9. Para sobreviver, Humberto muda-se para o Rio de Janeiro, e, com 24 anos, publica seu primeiro livro de poesia intitulado "Poeira". No Rio, faz amizade com vários intelectuais, entre eles, Emílio de Menezes, Olavo Bilac e Coelho Neto, seu conterrâneo. Todos militando na imprensa carioca e paulista.
10. Dá início, então, à sua exuberante carreira de jornalista. Escreve para "O Imperial", folha frequentada por inteligências brilhantes, como Ruy Barbosa, a Águia de Haia. Seu talento fê-lo, num determinado momento, o melhor cronista do seu tempo.
11. Em 30 de outubro de 1919, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Ocupou a Cadeira n. 20, que pertencera a Emílio de Menezes. Tomou posse no palácio dos intelectuais, a Casa do Bruxo do Cosme Velho, no dia 8 de maio de 1920.
12. Mesmo depois de morto, Humberto de Campos continuou cronicando. Agora, através de Francisco Cândido Xavier. Seria o Irmão X, pseudônimo usado nos livros psicografados, aparecendo como o mais famoso "Coração do Mundo, Pátria do Evangelho". Ainda não li.
13. Com muito trabalho, adquiri, de um colega advogado, "Crônicas de Além-Túmulo". Numa dessas noites, conversávamos, eu, um velho colega e uma jovem amiga sobre esse livro de crônicas do espírito Humberto de Campos. De repente ela o tomou por empréstimo e nunca me devolveu.
14. Cobrada, minha amiga, admiradora de Allan Kardec, confessou que o havia perdido. E detalhou como o perdera. Disse tê-lo deixado no assento de um taxi que a levara ao aeroporto. "E quando me lembrei do seu livro, amigo, eu já havia deixado o céu da Bahia!"
15. Venho tentando comprar outro exemplar de "Crônicas de Além-Túmulo" , o único livro psicografado que eu possuía. Tá difícil! Mas pedi a ajuda do Irmão X. Bom como foi em vida, Humberto de Campos não me faltará. É questão de tempo...
Felizes os mortos que, uma semana depois de sepultados, ainda têm amigos na terra"
Humberto de Campos
1. Desde sempre, sou admirador de Humberto de Campos, que morreu, no Rio de Janeiro, faz, hoje, oitenta e três anos. Isso mesmo: no dia 5 de dezembro de 1934, o Brasil, com pesar, se despediu desse consagrado escritor maranhense.
2. Vamos ser francos: o cronista, jornalista, poeta, memorialista Humberto de Campos é pouco lembrado nos dias que correm. As editoras não reeditam sua inconfundível obra, toda ela escrita com o coração, o que a torna encantadora.
3. Em uma de suas crônicas, disse ele: "Eu não nasci para amigo dos felizes, mas para confidente dos desgraçados". E em outra: "A Justiça tem na mão uma espada, quando devia ter, no lugar desta, um coração".
4. Seus livros - é mesmo de se lamentar - não estão nas grandes nem nas pequenas livrarias, à disposição dos fãs da boa leitura. Podem ser encontrados, soltos e escondidos, em algum sebo. Foi num sebo de São Paulo que adquiri a maior parte das crônicas do autor de "Sombras que sofrem".
5. Sua extensa e atraente produção literária, também erudita e elegante, não é lembrada nos vestibulares, concursos públicos ou privados e -pasmem! - nas salas de aula. Exímio prosador, Humberto de Campos podia, perfeitamente, figurar ao lado de Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Machado de Assis, autores citados, como outros mais, com justificada frequência.
6. E o mais estranho, diga-se a verdade, é que no atual cenário literário do Brasil, cita-se, como gênios, cantores e compositores não muito familiarizados com a gramática e fracos na formulação de suas ideias e pensamentos.
7. Delicio-me relendo "A funda de Davi", "Mealheiro de Agripa", "A bacia de Pilatos", "Os párias", "Reminiscências", "Contrastes" e outros livros desse maravilhoso cronista.
8. Humberto de Campos nasceu na pequenina Miritiba (hoje tem o seu nome) no dia 25 de outubro de 1886. Quando tinha seis anos de idade, sua mãe, Ana de Campos Veras, ficou viúva de Joaquim Gomes de Farias Veras. Com a morte de Joaquim, a família Campos mudou-se para São Luís e depois para Belém do Pará.
9. Para sobreviver, Humberto muda-se para o Rio de Janeiro, e, com 24 anos, publica seu primeiro livro de poesia intitulado "Poeira". No Rio, faz amizade com vários intelectuais, entre eles, Emílio de Menezes, Olavo Bilac e Coelho Neto, seu conterrâneo. Todos militando na imprensa carioca e paulista.
10. Dá início, então, à sua exuberante carreira de jornalista. Escreve para "O Imperial", folha frequentada por inteligências brilhantes, como Ruy Barbosa, a Águia de Haia. Seu talento fê-lo, num determinado momento, o melhor cronista do seu tempo.
11. Em 30 de outubro de 1919, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Ocupou a Cadeira n. 20, que pertencera a Emílio de Menezes. Tomou posse no palácio dos intelectuais, a Casa do Bruxo do Cosme Velho, no dia 8 de maio de 1920.
12. Mesmo depois de morto, Humberto de Campos continuou cronicando. Agora, através de Francisco Cândido Xavier. Seria o Irmão X, pseudônimo usado nos livros psicografados, aparecendo como o mais famoso "Coração do Mundo, Pátria do Evangelho". Ainda não li.
13. Com muito trabalho, adquiri, de um colega advogado, "Crônicas de Além-Túmulo". Numa dessas noites, conversávamos, eu, um velho colega e uma jovem amiga sobre esse livro de crônicas do espírito Humberto de Campos. De repente ela o tomou por empréstimo e nunca me devolveu.
14. Cobrada, minha amiga, admiradora de Allan Kardec, confessou que o havia perdido. E detalhou como o perdera. Disse tê-lo deixado no assento de um taxi que a levara ao aeroporto. "E quando me lembrei do seu livro, amigo, eu já havia deixado o céu da Bahia!"
15. Venho tentando comprar outro exemplar de "Crônicas de Além-Túmulo" , o único livro psicografado que eu possuía. Tá difícil! Mas pedi a ajuda do Irmão X. Bom como foi em vida, Humberto de Campos não me faltará. É questão de tempo...