REFLEXÕES SOBRE A VIDA, SEU SENTIDO E SEU FIM
Tenho uma amiga, Raquel Lima Dornfeld, que fala do tema que vou tratar neste texto com uma boa dose de leveza. Ela, recentemente, me instigou a refletir sobre ele e sobre a necessidade de saber com o mesmo conviver. Vi que ela tinha razão, pois eu tenho medo do assunto, da dor que ele envolve, mas mesmo assim, deixei como uma tarefa para o futuro, pois não estava nos meus planos escrever sobre ele agora, a morte.
Entretanto, depois de uma viagem cansativa, na qual dirigi por mais de dezoito, num intervalo de trinta e três horas, para participar de um evento de formação contra a Reforma Trabalhista, cheguei hoje ao meu escritório para trabalhar e, via uma aplicativo de mensagem, recebo de alguém próximo tristes notícias envolvendo duas pessoas. Uma havia falecido nestes meu curto período de ausência de Uberaba e outra, uma prima deste meu interlocutor fora desenganada pelos médicos.
Comecei a pensar no assunto, coisa que, de verdade, não me apraz muito, pois falta-me a leveza de minha querida Dornfeld e, como resultado, escrevi as linhas abaixo, as quais e divido com todos que me acompanham neste espaço.
A verdade, caro leitor, é que nada no momento da morte de uma pessoa amada ou, apenas estimada, me consola. Verdade que bonitas e reconfortantes as teorias de vida após morte e/ou que falam em etapas ou planos, novas vidas, etc. Entretanto, não são nada mais do que isso mesmo: teorias que visam trazer de volta o conforto perdido em decorrência do fim da vida de alguém querido.
Sei que a essa altura, parte signficatica dos que estão lendo este texto não está (já que utilizei o termo conforto) confortável com minhas palavras. Deve ter até quem esteja pensando que “isso é coisa de quem não tem Deus no coração”. Respeito quem pensa assim. Sair da zona de conforto é algo complicado, mas saibam que mesmo não frequentando templos ou curvando-me para chefes religiosos, assimilei à minha vida grande parte dos ensinamentos do cristianismo, em especial aqueles que proclamam a solidariedade e o amor.
Voltando ao assunto a que me propus com este texto, tenho que o desespero e a tristeza que tomam conta de todos que continuamos vivendo quando da morte de quem amamos e/ou apenas estimamos, são as maiores mostras que, intimamente, ainda que de forma inconsciente, a única certeza que praticamente todos temos é a do fim e que o restante são ilusões às quais fomos condicionados no decorrer de todas as nossas primaveras e, o pior, que nosso inevitável e congelante inverno, que tirará a vida de nossa matéria, cedo (nunca tarde) chegará.
Então, a minha reflexão sobre a morte e para falar sobre a vida, com o que acredito que o importante é vivê-la plenamente. A meta de cada um de nós (e isso deveria ser ensinado no seio da famílias e até mesmo nas escolas) deveria ser fazer do tempo de carbonos conscientes na face da Terra (ser carbono é a única certeza que, de fato, temos nesta vida), um diferencial para a vida de todos.
Deveríamos procurar sempre sermos amáveis, amantes e amados. Deveríamos fazer de nossas vidas instrumentos a serviço da melhora das condições de vida de todos, enfrentando o sistema que oprime, explora e não permite nossa emancipação (liberdade) enquanto espécie e, por conseguinte, nossa plenitude.
Deveríamos, ainda, ao sofremos perdas abruptas, ou não, dos nossos amados e queridos, o mais importante é a conservamos a memória de quem foi, trazendo para as nossas vidas o melhor de seu exemplo.
Enfim, construir uma história com nossos atos e conduta de vida, creio ser a única forma de sermos verdadeiramente felizes e fazer que a nossa memória resista ao nosso tempo de vida.