UMA NOITE MÁGICA, ENCANTADA E INESQUECÍVEL : 29/11/2017
UMA NOITE MÁGICA, ENCANTADA E INESQUECÍVEL : 29/11/2017
“Em um dia nublado, um pássaro perdeu o senso de altura e passou a voar muito próximo ao solo. De repente deparou-se com um homem e conseguiu desviar-se. Tratou de subir, assustado com a invasão humana de seu espaço. As nuvens se desfizeram, o sol voltou a brilhar e o animal voltou a voar com segurança. Mas nunca mais será o mesmo.”
“O Despertar dos Mágicos”
Começo de 1968 entro em um salão imenso junto com uma multidão de jovens como eu. Carteiras escolares, que logo foram ocupadas. Em cada uma delas, um caderno com folhas impressas e na primeira página uma frase do filósofo americano Ralph Waldo Emerson, mais ou menos assim: “ Não há bem maior que conquistar uma posição que sempre aspiramos”. As outras páginas, com informações diversas sobre o curso de engenharia da UFPR. Era a aula inaugural da turma de engenharia que fora aprovada nos vestibulares e estava apta a iniciar o Ciclo Básico do Curso de Engenharia. O local era o salão de provas do Centro Politécnico da UFPR, em Curitiba. O professor, não lembro qual, começou perguntando a procedência dos alunos: “-Quem é de São Paulo?” “-Quem é de Minas?” “- Rio Grande do Sul?” e assim por diante. A cada pergunta, uma galera erguia o braço, sendo que os paranaenses eram maioria, mas havia alunos de muitos estados. Não considerei de grande importância essa primeira apresentação da Faculdade que iríamos frequentar por, pelo menos, 05 anos, salvo quem abandonasse o curso.
Hoje é o evento que mais recordo. Eu vinha de Santos, onde não havia faculdade de engenharia. Como a cidade de São Paulo não me atraia, resolvi prestar vestibular na capital paranaense. E passei.
Durante o curso as amizades foram se consolidando, os grupos de estudos se formando ( a gente chamava de “panelas”), e fomos dividindo sucessos e fracassos nas provas. Mas sempre avançando, contando com ajuda de colegas. Que foram se transformando em amigos.
Entre os professores havia umas figuraças: Jaime Louco, que desenhava até o teto da sala de aula; João Gravata, gente boa demais que lecionava Cálculo; Pedro das pedras; Kamil, K1000, Gemael com sua Astronomia; Grego; Jair Leal; Léo Barsotti, o temido; o amante de ferrovias; Nelson Pinto,Arnaldo Rabello; Dragão, etc. . Uma galera imensa, pois a diversidade de informações do curso é imensa.
E, depois de muita luta, chegamos ao dia de formatura, com direito a uma festa inesquecível, na qual tomei o maior porre da minha vida. Só Deus sabe como dirigi meu carro até em casa na madrugada curitibana.
Ficaram então as boas recordações, os fatos hilários que vivemos, as figuras pitorescas (sem nenhuma referência ao Aldebaran), os pedaços de pizza e a vitamina com sorvete no Acrópolis, na Boca Maldita, aos domingos à noite. Os curitibanos estavam em suas casas, e volta e meia eu era convidado a um almoço ou jantar. Mas o dia a dia era almoçar na Escola e jantar no Diretório. Ás vezes passava um ou outro rato pelo assoalho desgastado do prédio antigo, que ficava em frente ao correio. Mas a gente não dava bola e continuava a comer. Afinal essas vivências formariam um livro imenso, se contadas detalhadamente.
Novembro de 2017, dia 29. Graças a Gilberto Hycz, Rui Rotolo de Moraes, Tomatinho e Aldebaran Cunha Naumann. um animado grupo de senhores, todos engenheiros civis, reúne-se no Trattoria Romana, um bom restaurantes curitibano
O papo rola solto, cada qual contando suas histórias e o que mais se ouve:”-Quem é você?”
As respostas: Paulo Miorim, Paulo Tassi, Scot, Basgall, Zimermann, Gotschild, Reinaldo, Nilson, Serafim, Ney Machado, Cassou, Caron, Eleonora, Silmara, Pedro Ferraz,Sérgio Cunha, Marcelo Braga, Sperandio,Merlino,Watanabe, Skrobot, Galvão, Cid Campelo,Luiz Arzua,Vialle, Lorusso, Lauro Klass, Loyola, Edson Simioni, e inúmeros outros nomes que há 45 anos não se escutava, ressurgem na memórias de cada um e, aos poucos, são associados à um daqueles garotos que conviveram por um período de 05 anos. Aqueles mesmos garotos de 68, formados em 1972. Como aquelas fotos de antes e depois. Haja coração.
A diferença que senti entre esses dois eventos: ninguém me perguntou se eu era de São Paulo ou da Bahia, se havia mais mato-grossenses ou gaúchos. Eu era o Miorim, o Cassou era o Cassou e assim por diante. Cada um era aquele amigo que não víamos há tempo, muito tempo. Não tinha curitibano ou londrinense, paulista ou carioca. Uma turma de amigos que estava ávida em saber de cada um como estava a vida, contar umas piadas, relembrar passagens do tempo de faculdade e perguntar onde estava fulano e por que não estava ali. Todos iguais. E felizes de poder desfrutar de momentos maravilhosos com companheiros que não eram vistos há muito tempo.
De minha parte, foi emocionante, gratificante e inesquecível esse reencontro. Agradeço a Deus ter participado.
E, como o pássaro da pequena fábula, levarei em meu coração esses momentos para sempre.
Um beijo em cada coração.
Paulo Miorim
01/12/2017