Um Dia no Terminal
Dia no Terminal
Transeuntes correndo esbaforidos.
Um cheiro de dióxido de carbono impregna o ar...
Os coletivos passam, param em frente as filas e de novo partem repletos...
Alguns se agitam: perderam a hora...
Gestos de cansaço ou de enfado...
Jovens abraçados enquanto esperam...
Esses têm uma expressão feliz no rosto...
O vendedor ambulante recomeça seu bordão: vale transporte ou um real por dez paçoquinhas...
Alguns abordam os passageiros com o ônibus em movimento...
Recitam os seus textos para uma platéia dispersa...Falas decoradas para uma ação de sobrevivência...
Alguns negociam tacitamente sua permanência nos coletivos buscando angariar a simpatia do cobrador...
Exercícios de poder em curso...Na pobreza, na informalidade, nos sub- empregos ainda há o espaço para o ser humano praticar ações de dominação onde parecia impossível...
Um movimento antropofágico onde quem não tem, ainda sofre a pressão de um pseudo-poder, tão real e injusto quanto os que grassam nos altos escalões...
Os passageiros desembarcam nos seus destinos...
A mulher com as compras do supermercardo se equilibra no corredor...
Uma jovem ocupa um lugar do idoso e testemunhamos um ato de cidadania significativo: uma outra jovem cobra o direito do idoso, alguns poucos lhe dão apoio...
Por fim, a cadeira é desocupada sob palavras hostis do “infrator”...
Chega o ponto final os últimos passageiros descem...