Dona Izabel Maria
Quinta-feira é o dia em que todos relembram, desde um momento feliz à uma pessoa querida. Tomando como inspiração esse movimento, hei de recordar minha bisavó, dona Izabel Maria.
Hoje, dia 30 de novembro de 2017, completam-se sete anos do seu falecimento. E ainda este ano, ela completaria 100 anos de vida, dia 24 de dezembro.
Lembro-me das longas tardes em que eu permanecia em seu quarto ouvindo histórias, como a do leão que queria matar o homem, aquela em que a Princesa Isabel dava pão aos pobres, a do menino que foi comprar sopa, entre outras diversas concebidas durante sua vida.
Eu era uma criança muito lúdica, gostava de inventar histórias e encenações que pertenciam só a mim. Para isso, pegava roupas da minha bisavó, da minha avó ou simples trapos de costura do meu avô. Quando estava pronta para brincar ela vinha e sempre me elogiava: “com essa cara bonita não precisa de maquiagem”, “sua voz é tão linda, por que não vira cantora?”, “com esse talento deveria ser artista de cinema”. E hoje percebo o quanto esses elogios me deram a noção de amor próprio e de coragem pra fazer o que quiser.
Entre tantos momentos que passamos juntas, o que mais me recordo era do seu orgulho e crença do meu potencial. Dizia: “Essa menina vai ser doutora, olha Nair, curou você só com um chá!”.
Em seus últimos dias de vida, ela estava com um forte resfriado. O medo de perdê-la me cercava de todos os ângulos, e atingia meus sonhos. Senti a necessidade de estar presente ao lado dela.
Na terça-feira, poucas horas antes de morrer, eu a conduzi até seu quarto, no caminho ela me disse: “Sabe filha, velho é igual a macarrão cozido, é todo mole”. Fomos até seu quarto, onde me despedi dela. Meia hora depois, quando eu já estava em casa, meu avô ligou falando que ela estava infartando, e esse foi o momento que ela partiu.
Nos dias decorrentes a sua morte, os dias Santos antes da Páscoa, não quis ir à casa dos meus avós, onde ela morava. Não queria aceitar que ela havia partido, e destruir minhas esperanças de que ela ainda estivesse lá.
A mulher era tão Santa que nasceu perto do Natal e morreu perto da Páscoa.
Minha bisavó foi essencial no meu desenvolvimento infantil e até hoje deixa uma saudade desigual. Obrigada dona Izabel Maria por ter passado pela minha vida, até a próxima....