Papai Noel
1. Descobri cedo que o meu endereço não constava da agenda do Papai Noel. Portanto, na Noite de Natal, nada de presentes.
2. Mas nunca deixei de ter pelo Noel consideração e apreço. Olhando para ele, volto aos meus tempos de criança; sem presentes, mas infinitamente feliz.
3. Meu endereço não constava da agenda do Noel por culpa do meu pai. Modesto comerciante, com quatro filhos nas costas, papai, esperto, achou por bem não ensinar ao bom Velhinho da Lapônia o caminho de nossa casa, me dizia minha mãe.
4. Restava-me assistir acomodado o desfile de algumas crianças de minha rua exibindo os presentes que o Noel lhes levara na noite da véspera do Natal. Ficava triste, não nego, mas nunca com inveja.
5. Meus pais me deixaram acreditar em Papai Noel, sem aquela de "desmitologização" precoce. Permitiram que seus filhos se extasiassem e gozassem "o reino fantástico da imaginação", como diz Leonardo Boff, no seu maravilhoso "O livro dos Elogios".
6. Eles achavam que, cedo ou tarde, eu descobriria tudo sobre a lendária figura do Papai Noel. E foi o que aconteceu, mas na hora certa. Sem precipitações. Lendo a história do Noel, logo entendi por que meu pai, um modesto comerciante, repito, se recusara a dar nosso endereço ao bom velhinho das noites natalinas. E o leitor, também.
7. Os natais de minha infância, sem Noel e sem presentes, permanecem indeléveis na minha lembrança. E os recordo com mais intensidade quando vejo, vagando pelas esquinas, meninos pobres esperando que alguém lhes dê o seu Natal. Estendem as mãos frágeis e quase sempre nada recebem.
8. Há pouco, um garoto chamado Zezinho atravessou a rua, acenou com a mão, e me fez este pedido: "Doutor, e o meu Natal?" O que fiz depois de ouvir a súplica do Zezinho, não digo. Fica, pra sempre, entre ele e eu.
9. Assis Valente, belo compositor baiano, compôs uma canção natalina - "Boas Festas" - muito conhecida e cantada. Tem um verso que diz: "Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel". Houve um momento que também pensei assim. Os natais que vivi, foram me dizendo que mestre Assis Valente tinha razão: Noel é papai de poucos...
1. Descobri cedo que o meu endereço não constava da agenda do Papai Noel. Portanto, na Noite de Natal, nada de presentes.
2. Mas nunca deixei de ter pelo Noel consideração e apreço. Olhando para ele, volto aos meus tempos de criança; sem presentes, mas infinitamente feliz.
3. Meu endereço não constava da agenda do Noel por culpa do meu pai. Modesto comerciante, com quatro filhos nas costas, papai, esperto, achou por bem não ensinar ao bom Velhinho da Lapônia o caminho de nossa casa, me dizia minha mãe.
4. Restava-me assistir acomodado o desfile de algumas crianças de minha rua exibindo os presentes que o Noel lhes levara na noite da véspera do Natal. Ficava triste, não nego, mas nunca com inveja.
5. Meus pais me deixaram acreditar em Papai Noel, sem aquela de "desmitologização" precoce. Permitiram que seus filhos se extasiassem e gozassem "o reino fantástico da imaginação", como diz Leonardo Boff, no seu maravilhoso "O livro dos Elogios".
6. Eles achavam que, cedo ou tarde, eu descobriria tudo sobre a lendária figura do Papai Noel. E foi o que aconteceu, mas na hora certa. Sem precipitações. Lendo a história do Noel, logo entendi por que meu pai, um modesto comerciante, repito, se recusara a dar nosso endereço ao bom velhinho das noites natalinas. E o leitor, também.
7. Os natais de minha infância, sem Noel e sem presentes, permanecem indeléveis na minha lembrança. E os recordo com mais intensidade quando vejo, vagando pelas esquinas, meninos pobres esperando que alguém lhes dê o seu Natal. Estendem as mãos frágeis e quase sempre nada recebem.
8. Há pouco, um garoto chamado Zezinho atravessou a rua, acenou com a mão, e me fez este pedido: "Doutor, e o meu Natal?" O que fiz depois de ouvir a súplica do Zezinho, não digo. Fica, pra sempre, entre ele e eu.
9. Assis Valente, belo compositor baiano, compôs uma canção natalina - "Boas Festas" - muito conhecida e cantada. Tem um verso que diz: "Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel". Houve um momento que também pensei assim. Os natais que vivi, foram me dizendo que mestre Assis Valente tinha razão: Noel é papai de poucos...