O TEMPO QUE PASSOU (RONAIRA ANDRADE)

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Do tempo que passou já virou passado e, restaram-me saudades e lembranças gostosas. Enquanto colegas viviam frequentando “festinhas na casa de amigos” estava trabalhando honestamente e estudando, para mudar de vida, principal meta que tinha. Tive pouco tempo para aproveitar diversão. De vez em quando frequentava as festas em clubes dos Correios e outros no bairro de Educandos com os colegas de aula do Colégio Dorval Porto, Luiz Eron Castro Ribeiro ou André Fontaine, ou com os dois.

O tempo que me restará pretendo vivê-lo bem, tranquilo, mas não sei se conseguirei. Tenho posições firmes e fortes e não mudo de opiniões muito facilmente, principalmente quando tenho certeza do que digo pelas redes sociais. Por ora, vou matando um leão por dia como como diz o empresário Francisco Saldanha Bezerra ou “tirando os problemas da frente”, como diz e faz Sindico do Mundi, Carlo Crisci.

Estou reconstruindo vida de aposentado por invalidez com os cacos infectados que me restaram nas mãos, dividindo-me entre consultas com médicos com neurologista há 10 anos, o Dr. Dante Luis Garcia Rivera e as 20 sessões de fisioterapia com a Dra. Ronaira Andrade, para tentar recuperar a sensibilidade e a coordenação motora dos dedos da mão esquerda, que ficaram comprometidas com uma queda doméstica. Contudo, sou do tempo em que se vendia tudo à retalho, da cachaça ao conhaque passando pelo pão, o ovo e a manteiga em pesagens. Todo comerciante tinha que ter uma balança sobre o balcão. A anotação do valor ficava na mão do devedor, tanto era a confiança que se tinha no passado, “quando um fio de bigode” tinha valor. Não se tinha saco plástico para embrulhar nada e, também não havia tanta enchente e nem tatos bueiros entupidos com lixo descartado de qualquer jeito e em qualquer lugar.

Como diz o advogado Augusto Neto, ah, como ele também sente da época dos amigos verdadeiros e não os de hoje, quase sempre virtuais e que podem ser bloqueados a qualquer momento em redes sociais de zap ou facebook ou excluídos. No passado de minhas lembranças dos “enta”, o máximo que se poderia fazer era “ficar de mal”. Se se encontrasse a pessoa, não lhe dirigia palavras. Isso doía mais do que um tapa no rosto. As palavras mais pronunciadas, hoje, na era virtual são “vou te bloquear” ou “vou te excluir”. A atitude era o mesmo que “ficar de mal” do passado!

Ah, digo! Como também tenho saudades de quando se riscava uma linha e se dizia: “essa é a tua mãe e essa é a tua. Quem for mais macho, pisa na cara da mãe do outro”. Se alguém pisava começava a briga, que podia ser “dos vera” ou não, sem uso de revólver ou arma branca, como hoje. Ah, quanta coisa mudou, canta Chico da Silva, o poeta da música de Parintins. No máximo, havia “as racinhas”. Duas pessoas brigavam e os amigos não se metiam, até que um dos dois desse a luta por encerrada a contenta. Vou aceitando e me adaptando às mudanças da era virtual, mas as compreendendo, principalmente a nova linguagem das redes sociais quando se digita “kkk”, “dedo para cima”, “dedo para baixo” etc. Durante muito tempo, usei um símbolo de uma carinha de choro nas redes sociais, pensando que estivesse significando um sorriso. Até alguém me disse que não deveria usá-la mais. O que pensava ser um sorriso era, na verdade, usado para outro sentido e ainda não sei usá-los direito. Mas assim, com pessoas me orientando e me dizendo o que não sei, vou levando a moderna vida nas redes sociais. Ainda levarei muito muito tempo, para aprender essa nova linguagem e tempo é tudo que não terei mais. Aprendo mais com meus erros; do que com os meus acertos.

O tempo passou rápido demais para mim e para todos os que atingiram também seus 50 anos e permitiram que seus cabelos fossem pintados com tinta prateada, não os repintando depois. Aos 35 anos, quando cursava o segundo curso superior na UFAM, a Faculdade de Serviço Social, parecia que subia em uma escada, agora, aos 57, tenho a impressão que comecei a descê-la. O último aniversário de 46 anos comemorei ao lado de amigos professores universitários como eu fui um dia. Hoje, comemoro apenas um dia de cada vez, quando respiro e agradeço a DEUS quando vou dormir! Fico pensando: quanto tempo perdi passando cebola crua no rosto para nascer barba. Agora, quanto tempo perco passando gillete para tirá-la? Nunca estamos totalmente satisfeitos com a aparência que temos! Mas o que fazer? Mas vou levando antes que a vida me leve!

Adolescente, queria ser adulto. Adulto, desejo voltar aos tempos de criança, como canta uma música. Mas viverei e espero não o desprazer de ver os políticos de quase todos os partidos políticos, com acento em Brasília votando sempre contra os interesses do povo e a favor dos deles...governadores, deputados, senadores sendo investigados pela Justiça e jurando inocência.

Não vivi 57 anos de minha vida para ver isso acontecendo, enquanto eu escrevendo e “sentado e eu aqui na praça, dando milho aos pombos", como canta Zé Geraldo.

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 27/11/2017
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