A senha

Em uma certa manhã, do carnaval de 2017, no auge da minha aposentadoria. Era véspera da romaria para Aparecida do Norte. Segui até a calçada da rua, batizada pelo nome do inventor do avião, estranhei a movimentação, era o horário que as crianças passavam gritando em direção à escola e beliscando as folhas da pequeninha árvore ali plantada. O silêncio era sepulcral e preocupante. Logo em seguida, apareceu um entregador de propaganda de farmácia, distribuindo calendários do ano. Estava atrasado! Mas, logo confirmei que era feriado de carnaval. Ou seja, não teria aula e outros direitos expostos na Constituição Federal de 1988, seriam reduzidos, abalizando a justificativa no futuro discurso dos gestores.

O feriado continuou, não tinha nada, somente algumas pessoas (pais e mães) nas portas das creches esperando a senha para matricular e, consequentemente requerer todos os direitos para seus pupilos. Continuei a caminhada, embora soubesse que era feriado, fui andando e correndo, em direção a Avenida Reta da Penha e outros logradouros situados no Espírito Santo. Que silêncio! Me parecia que nada era original, todavia chamava a atenção. Estranhamente, avistei outras mães, vizinhos e moradores requerendo outro tipo de senha e, coincidentemente um avião sobrevoava provocando um barulho ensurdecedor e outros ruídos durante o diálogo e a entrega das senhas, gerando assim, um verdadeiro carnaval de flores, dores, fome e perdas salariais, sociais e funcionais.

O carnaval continua! Mas, agora o natal se aproxima com direito ao silêncio. Diante do obstáculo, o pai, a mãe, os filhos e as esposas estão sofrendo. Nada obstante, a próxima senha, poderá abonar a segregação em curso!

Alcy Belizário de Souza
Enviado por Alcy Belizário de Souza em 27/11/2017
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