PEDACINHO DE SAUDADE

Pois é, minhas férias terminou, mas eu ando saudosista ultimamente; por isso, nessas férias, pensei em meus anos de infância. Fui jogado para o passado, para a colônia daquela fazenda aonde me criei, mais especificamente para uma segunda-feira de manhãzinha dos anos 60.

Meus pais não tinha carro, mas meu avó sim — caso queira saber a marca era um caminhão ford 59. Quase toda semana íamos na cidade, os vizinhos eram convidados para esse evento, meus primos e primas, meus pais, naquele dia mudavam suas rotinas.

Não faltava nada, era uma verdadeira festa, a vovó ficava abanando suas mãozinhas e rezão desejando boa viagem quando estávamos saindo — era só o que eu sabia — parecia que eu estava “voando”. Mas logo chegávamos na cidade. Vim saber que aquele movimento de gente e carros era normal na cidade, o ponto nosso ficava perto da rodoviária, não muito longe do centro, passa um vendedor de algodão-doce me oferece — eu recusei, menino inocente que eu era (muita gente ainda duvida, mas eu era, sim; as aparências engava com aquele tamanho). Ainda mais a primeira vez que visitava uma cidade!

Voltando de tardinha, bom era descer do carro e contar as novidades, procurando fantasiar e florir minha aventura, vovô com seu eterno guarda-chuva e a cara amarrada — aliás, eu tinha respeito misturado com o medo dele na adolescência. Eu não entendia o por que, já que ele era tão legal, passava tanta segurança.

Meus personagens prediletos eram minha avó e meus pais — quanta saúde, que sorriso franco e sincero. Num tempo em que nem pensava em disfarce. Eu nunca vi a meu pai “discutir” claro na minha frente, às vezes, pensava que eles eram sempre assim mesmos.

Ficava observando como outros se comportavam, quase sempre com as mesmas naturalidades, claro que tinham suas desavenças, mas nunca ousavam discutir na frente de uma criança. Assim eu fui formando um ser saudáveis psicologicamente, os dias, os meses e anos foram passando.

Depois do tempo ter passado, cai no mudo real, vieram os das escolas. Lembro-me bem do primeiro dia aula.

Acho, hoje, que incluo heróis e heroínas de verdade os primeiros mestres que tive, de uma coragem sem igual. Até porque as escolas antigamente eram mais precárias, não tinha os recursos destinados, que fique bem claro os que deveriam ser destinados.

Tenho saudade, sim, daqueles tempos de minha infância. Como me entristeço, também, em saber que muitos estão hoje sem, vive só de promessa.

Enfim, a infância passou e espero que todos possa um dia ter boas recordações dela. De minha parte, posso disser que apesar dos pesares vivi e muito bem, aproveitei o tempo jovial, e hoje nesta estrada há muito tempo, procuro trabalhar, descançar, para começar tudo de novo mesmo sendo idoso— porque os dias dessa festa passaram voando, e recomeçar é preciso todos os dias.

Jova
Enviado por Jova em 27/11/2017
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