2015

A chegada da época de chuvas a minha cidade (O inverno amazônico é empírico. O inverno e definido como época mais fria do ano, no hemisfério sul, estende-se do solstício de junho 21 ao equinócio de setembro 23) é esperada com ansiedade por muitos, talvez todos. Tal ansiedade pode ser explicada pelo fato que neste ano de 2015, houve poucas chuvas, plantações morreram e agricultores irritaram-se. É obvio que a falta de chuva na minha cidade nem de longe pode ser comparada com as secas do Nordeste ou a crise hídrica do Sudeste, no entanto, viver em uma das regiões mais chuvosas do país e de repente se deparar com uma estiagem longa, algo que não é nada comum aqui, é no mínimo frustrante.

Tenho 22 anos, já me falaram que houve outras épocas em que os rios eram maiores e que o inverno assustava pela tamanha força, também já me falaram que esse período de poucas chuvas não é o maior período de estiagem que Garrafão do norte já enfrentou. O fato é que eu não vivi os grandes rios, nem as grandes secas, vi apenas os igarapés e a poeira subindo sem parar. Para minha geração tudo é pior, e quando em 2000 se falava em “preservar o mundo que deixariam aos seus netos” hoje falamos em “o que estamos fazendo com nosso mundo”. Onde antes, os maiores líderes mundiais se reunião para discutir se o homem realmente causou ou acelerou o efeito estufa, neste ano, os grandes líderes mundiais se reuniram pra apontar culpados e tentar diminuir os estragos.

O que eu mais gosto do período chuvoso são os dias em que o sol não aparece e as nuvens reinam durante o dia todo, da uma sensação de clima europeu que só vi em filmes. Talvez em nada esse clima descrito por mim tenha haver com o clima europeu, no entanto, é o mais perto de ser que conheço. Agora penso que, dias como esses serão cada vez mais raros, e o “inverno amazônico” talvez possa deixar de existir num futuro próximo.

Mas sem provisões para o futuro. O agora em nosso planeta já é como nunca antes na historia de humanidade. O que agora é, o amanhã já não será. O que amanhã será hoje ainda há.

Emanuel Franca
Enviado por Emanuel Franca em 26/11/2017
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