Mundos
Vejo papéis de tintas flutuando pelo ar, saltando das paredes decoradas por você. O vento leva os pedaços do meu castelo construído na areia de um passado tão próximo. Pétalas de todas as formas e cores, em todos os lugares tem suas feições. Você me fez amar as rosas, e não consigo vê-las sem sangrar. Desperto tão cedo do meu sono leve, com sua voz ecoando palavras que também flutuam com as tintas e sonhos tão particulares. Todas as paisagens tem seu perfume, e não existe um solo que não tenha suas pegadas. Sua presença ainda é sentida em todas as coisas que as minhas mãos tocam, nos fins de tarde, no amanhecer nublado, e nos risos dos quadros. Seu lar é o mundo, ele te encanta como um dia já fiz. Você é tempestade e calmaria, é palavra que dissolve em contradição, a pedra mais afiada que habita no mar onde saltei profundamente, e eu fui a ponte para seu paraíso negro. Ouço risos e expressões vazias que compõem a decoração das suas novas paisagens, e você faz tão parte dela, que confundo tua imagem com as demais. E nessa viagem sou o navio que se despede de seu passageiro, sem âncoras e com destino escrito. Fui obra particular, e agora o mundo me pertence. As correntes que prendiam meus pés tornaram-se enfeites que envolvem seu corpo e te pesam a alma, e as mesmas selam os portais dos nossos mundos, separando dois elementos, eu e você.