E ESSE TAL DE COTIDIANO DE PAULO FOG

QUEM FOI QUE DISSE QUE IRIA VALER A PENA? - Olha eu aqui de novo, agora me refrescando com uma lembrança até um tanto pitoresca.

Ja deve ter passado uns bons 20 anos ou mais, eu ali, chinelo, bermuda, camiseta, levando na mão a marmita para meu pai.

Tinha que atravessar boa parte da cidade naqueles chinelos que vez por outra insistia em sair de meus pés.

Ás vezes, ou muitas, arrebentava as correias deste e ali em forma de lágrimas eu desabafava com o ar, a natureza tornou-se um grande confidente ouvinte.

Ja havia passado das 10 da manhã, tinha que ser ligeiro, porém se eu corresse com certeza cairia e junto a tão deliciosa comida que minha doce mãe havia feito á noite, agora estava ela a trabalhar nas casas dos outros, segui ali, passos acelerados quando passei frente ao campo onde se treinava futebol para crianças e também ficava os parques quando vinham para esta cidade.

Tenho até uma para lhes contar sobre parques, uma vez, mais vamos deixa-la para uma próxima tudo bem.

Avistei ali na outra esquina, casa de Dr Médico, muro bem branquinho baixo, cerca verde em plantas um gramado de fazer inveja há muitos.

Alguns brinquedos, dentre estes um caminhão de bombeiros, avião, betoneira e outros.

Eu cresci os olhos nos bombeiros, cara, daqueles que acende luzes, sirene e andava á pilha, choquei ali, aquele monte de brinquedos ali na calçada verde em grama, esquina, logo sai um dos filhos do Dr, loiro, cabelos de anjo, tipo cachos grandes, entende, no mesmo momento á razão me beliscou, o que é teu é seu o dos outros jamais.

Meu pai nos ensinara muito bem em frases e ações.

O garoto entrou de novo para dentro da casa e deixou ali os que estavam e mais um robô, apareceu ao longe uma menina, branca, faixa nos cabelos, pequena mais logo desapareceu, parei um tanto perto daquele tesouro e olhei, segui, nisso ouço o barulho de uma bike, olho para trás, vem um homem, magro, alto, moreno claro ou branco encardido, numa Monarck vermelha ele para frente ao tesouro e pega 2 carrinhos e o robô.

A menina surge e grita, eu me assusto, ele inicia uma pedalada daquelas, digna de ciclista esportista, porém sai em meio as plantas uma mulher, com mais de 2 metros, negra, cabelos curtos.

Jesus o que foi aquilo, ela corria igual a uma jaguatirica, cara ela só podia ser uma louca recém saída de algum hospicio.

Logo ela consegue pegar a rabeira da bike do cara, daí meus colegas virou uma cena de filme.

O homem caído ela deu um chute nele e logo apoiou seu joelho no peito do cara, meus queridos não deu outra, foi só soco e bofetes no magrelo, eu ali ouvia ele a pedir socorro que aquela maluca o havia pego e estava quase a mata-lo.

Fui para a outra esquina e abri a marmita de meu pai, iniciei o deguste da mesma enquanto o caboclo ali suava naqueles paralelepípedos quentissimos de um sol de seus 35 graus celsius, não deou outra, logo ele arriou o corpo e ela ali em cima dele, gritando se ele não tinha vergonha do que acabara de fazer, o que pude escutar da parte dele em determinado momento foi ele dizer, jamais moça sou do Senhor.

Ela manerou e ja tinha algumas mulheres, donas de casa, que sairam para ver aquilo que todas concordavam era no minimo inspirador atitude daquela jovem babá.

A profissional do cuido das crianças ou agressora do bem, se é que existe algo desse tipo, me olhou e gritou se eu havia visto ele pegar os brinquedos, olhei para eles ali com os olhos quase saindo da cara, outra mulher refez a pergunta para mim eu então disse que sim, mais estava atrasado, só ai me dei conta, comi toda a mistura da marmita do meu pai.

Corri para o serviço e ali estava meu velho pai, já vesgo de fome, quando ele abriu a vasilha e nada de carne, só me olhou, daí lhe contei o ocorrido, rimos muito e esperei os tabefes que viria dele por mais incrível que pareça ele não o fez, comeu toda a comida pura sem qualquer vestigio de carne, tive de voltar ás pressas para casa, pois ainda tinha de me banhar, almoçar e ir para a escola.

Pois é gente, este foi mais um remenber de meus dias áureos sobre a mulher heroína daqui, depois descobri, ela era a namorada do irmão da dona da obra que meu pai estava a trabalhar.

Dias depois ela mesma confirmou a meu pai o acontecido sob o olhar mais que atento de seu já noivo, ela me olhou profundamente e me reconheceu, afinal quem esqueceria do negrinho, embaixo do orelhão a degustar só a mistura da marmita.

20112017 ---------------------------------------------------.

paulo fogaça
Enviado por paulo fogaça em 26/11/2017
Código do texto: T6182531
Classificação de conteúdo: seguro