O PARENTE E O AMIGO
Os dois surgem em nossas vidas por caminhos diferentes:
Um enviado por Deus; o outro escolhido por nós.
Felizmente, encontramos exceções e não poucas, onde os consanguíneos convivem em perfeita sintonia. Porém, é comum, constatarmos uma mútua animosidade por aqueles que nós não escolhemos.
Por isso, não é de se estranhar que, nas famílias, apareçam desavenças entre irmãos, filhos afrontem pais ou pais não deem a necessária atenção aos filhos. Quem já não ouviu histórias de um cunhado “pé-no-saco”, de um primo ou uma prima “xarope”, de um tio ou uma tia abelhuda. Nem vamos perder tempo em falar das prestativas e abnegadas sogras que se esmeram em atender ao nem sempre agradecido genro ou nora.
Nesses casos, observamos que o amigo é colocado em um pedestal superior e o parente, subjugado a uma segunda categoria.
Com o nosso companheiro, somos afáveis, tolerantes, atenciosos, solícitos, sinceros; com aquele que veste o nosso DNA, somos hostis, intransigentes, displicentes, negligentes, matreiros.
Um é simpático, bacana, sensato, divertido; outro é enfadonho, grosseiro, inconveniente, entediante.
De um, aquiescemos falhas, perdoamos ofensas, relevamos traições; do outro, as falhas são inaceitáveis, as ofensas indesculpáveis, as traições inadmissíveis.
Um conta uma piada ridícula e você acha engraçada; outro conta uma piada engraçada e você acha ridícula. Com o amigo, do respeito nasce a amizade; com o parente, por falta de respeito não há amizade.
No entanto, não podemos esquecer que amigos são circunstanciais, vão, voltam e muitos desaparecem nas quebradas da vida; parentes são perenes, aparecem em cada encontro familiar e deles só nos desgarramos quando a morte nos separa.
Mas, não foi por acaso que a Providência Divina nos colocou lado a lado, neste mundo. Juntos aqui estamos para, harmoniosamente, completarmo-nos. E, é imprescindível ressaltar que esse minúsculo tempo proporcionado pelo Senhor visa criar oportunidade de nos ajustarmos, a fim de atingirmos um patamar espiritual mais elevado.
Se não aproveitarmos esse momento ímpar destinado a nos tornarmos pessoas melhores, certamente teremos que fazê-lo em uma vida futura, possivelmente em condições mais adversas do que as atuais.
Então, sejamos espertos, não “mocorongos”, - como dizia meu pai. Não vamos deixar escapar a ocasião de saldarmos a dívida com a eternidade, cumprindo a nossa missão cá na Terra.
Creio que daríamos um significativo avanço no intuito de alcançarmos uma benfazeja paz de espírito e tornar-nos-íamos seres humanos mais completos e realizados, se conseguíssemos transformar:
Nossos irmãos em... AMIGOS
e nossos amigos em... IRMÃOS.