Edmund Burke e a Educação
Gerações diversas de professores se formaram influenciados por doutrinas educacionais que preconizavam inclusão, igualdade e relativização das hierarquias.
Aprenderam que caberia a escola modificar o destino e a personalidade dos alunos independente de suas origens e pensamentos já formados. A escola deveria ser uma instituição revolucionária (mudança dos indivíduos tal como eles já se socializavam em sua famílias e meios) e também mais fortes que estes meios socializantes para que fizesse esta revolução.
Aprenderam que o professor não deveria ser dono da verdade, que o aluno deveria também ser produtor do seu conhecimento. Algumas doutrinas apresentam o professor como um quase coadjuvante neste processo.
Aprenderam também que a escola deveria ensinar uma perigosa noção de igualdade que nem mesmo em regimes comunistas foram praticados sem colocar em risco suas atividades econômicas.
Uma sociedade se estrutura por níveis hierárquicos não só do menor ao maior poder político constituído, mas dentro das diversas categorias sociais e profissionais existentes. Isto significa que para existir categorias profissionais e sociais operando com algum sucesso é preciso selecionar - nem todas as pessoas estão aptas ou se adequam a estas categorias.
Na escola observamos os mais empenhados, os mais dedicados, os dispostos a aprender e aqueles que se rebelam contra estas hierarquias. Porém não vemos quem queira ser atendido por um médico medíocre ou especialista que não se sinta seguro no trabalho que faz.
Qual o papel da escola? Mostrar pelo menos de forma geral qual o caminho. Mas o que muitos professores aprenderam erroneamente é que este caminho poderia ser modificado ou encurtado para que os que não se adequassem pudessem chegar em algum lugar. O que acontece na prática é que não chegam, pois somente certos perfis são selecionados dentro destas hierarquias.
Sem a seletividade destas categorias, elas como grupos sociais e, mesmo instituições, simplesmente entram em colapso. Pois a sua forma de funcionar e produzir resultados depende de certos perfis pessoais e culturais que não se encontram em qualquer pessoa.
A escola perdeu seu prestígio social justamente por acreditar que seu dever fosse modificar os caminhos e hierarquias quando deveria apresentar o caminho real para quem quisesse chegar lá. O ensino significa desta forma algo como facilitar a passagem, mas não a distorção do caminho de forma a abreviá-lo ( pois assim ela seria então algo revolucionário).
Apesar disto ser uma dedução de alguns princípios conservadores de Burke, sociólogos como Pierre Bourdieu, ainda que menos conformado com isto, reconhece em muitas de suas obras esta hierarquização e as dificuldades de se romper com elas.
Pensadores de influência marxista tendem a ver a escola como um instrumento revolucionário e de transformação social. É preciso salientar que esta transformação e revolução voltada para a sociedade e não para possibilitar clareza e os meios para se alcançar as posições sociais e profissionais.
Em outras palavras, se preocupa menos em ensinar o norma culta da Língua Portuguesa e mais relativizar o seu valor e prestigiar outras formas de linguagem. Ela massificará o ensino de Matemática e Ciências criando uma aparente inclusão que não corresponderá às habilidades correspondentes e necessárias as diversas profissões.
Esta falsa inclusão serviu principalmente para enfraquecer a autoridade do professor, que não tem reconhecido seus saberes e habilidades como relacionados aos caminhos e meios de acesso às diversas posições sociais. Exemplo simples disto é quando o mesmo é levado a tolerar comportamentos em sala que certamente levaria o individuo no mercado de trabalho ou outros meios sociais a demissão ou isolamento social.
Não recebendo esta educação de verdade, mas se prendendo a um papel revolucionário, a escola perpetua a exclusão por debaixo de um manto de inclusão, igualdade e democracia na escola.
Ela permite que comportamentos desvantajosos socialmente se reproduzam e se legitimem na escola, para depois os indivíduos conhecerem no mundo "real" como as coisas realmente são ou não conseguirem ir além do mundo e oportunidades que os próprios pais tiveram.
É preciso que o professor volte e aceite ser aquele que conhece os caminhos e que não mais distorça, massifique ou engane acreditando que esta promovendo inclusão.
Se uma geração acredita que sabe mais que um professor veterano e mais experiente em todos os sentidos, alguma esta errada: ou temos uma geração de gênios, pouco provável pelos resultados que apresentam ou estamos diante de professores que aprenderam que sua formação e experiência como pessoas tem pouco valor.
Como consequência disto, como terá este professor autoridade se nem ele nem esta geração dão ao seu saber o reconhecimento justo e merecido? Se estes professores não tem o seu saber valorizado estes alunos terão em condições piores e imediatas de aprender o que precisam para serem profissionais e cidadãos responsáveis.
Se este saber é pouco transmitido, mais tempo será necessário e mais erros serão cometidos, resultado: atraso tecnológico, cultural, social e poucas oportunidades dos melhores estarem nos melhores lugares.