A Borracharia
No caminho da casa da namorada, estrada que liga os pequenos sítios como requer os mineiros ou chácaras como dizem outros, foi usado refugos de toda espécie na tentativa de aplainar desníveis no caminho de terra. Idas e vindas passando por ali fez com que as rodas do carro fossem danificadas e os pneus também.
Pneu frouxo no carro, tensão estressante no corpo e mau humor à flor da pele do namorado foi o resultado daquele namoro rural vai e namoro rural vem com o carro.
Foi-se à borracharia sanar os problemas do veículo. Naquela escolhida pela proximidade tomou dois sustos.
A primeira surpresa é que naquele estabelecimento havia só uma única mulher. A sua jornada já havia durado todo um dia de trabalho árduo e embrutecido. Sua roupa própria para o ofício estava com marcas de borrachas e a estopa que trazia com óleos mecânicos. A borracharia era gerenciada por uma borracheira – coisa inusitada.
A segunda surpresa é que quando foi para tirar/pôr pneus o lado cavalheiro do bom janota se fez presente. O mau humor do namorado dera lugar à gentileza. E ele no ímpeto gentil pegou a pesada roda. No mesmo instante a borracheira da borracharia deu o comando:
- Alto lá! É meu ofício tirar, arrumar e pôr os trens! Estava usando o seu pleno direito ao minerês. Pois para mineiro TREM é sinônimo não só de transporte ferroviário, mas também pode ser objeto, bicho ou qualquer outra coisa.
Ele viu os furos dados: o “furo” dado com sua macheza de se antecipar à ação da profissional e os furos do pneu. Pediu desculpas à dama destes novos tempos pela seu preconceito machista.
Sanados os problemas mecânicos e das novas etiquetas sociais foi embora. Outras visitas àquela profissional se fariam. Ela ganhara o respeito daquele jovem.
Ele chegou em sua casa e foi narrar as novidades para o patriarca. Depois, à medida que o relato acontecia, este exclamava boquiaberto:
- Ó! É! Í! Ú! E ah!!!
Tudo terminou quando o mineirão do pai arrematou a conversa:
- Uai, sô! Minha avó diria que são sinais do fim dos tempos.
Falas e ditos bem à moda dos antigos mentulas e beleléus.
Leonardo Lisbôa
No caminho da casa da namorada, estrada que liga os pequenos sítios como requer os mineiros ou chácaras como dizem outros, foi usado refugos de toda espécie na tentativa de aplainar desníveis no caminho de terra. Idas e vindas passando por ali fez com que as rodas do carro fossem danificadas e os pneus também.
Pneu frouxo no carro, tensão estressante no corpo e mau humor à flor da pele do namorado foi o resultado daquele namoro rural vai e namoro rural vem com o carro.
Foi-se à borracharia sanar os problemas do veículo. Naquela escolhida pela proximidade tomou dois sustos.
A primeira surpresa é que naquele estabelecimento havia só uma única mulher. A sua jornada já havia durado todo um dia de trabalho árduo e embrutecido. Sua roupa própria para o ofício estava com marcas de borrachas e a estopa que trazia com óleos mecânicos. A borracharia era gerenciada por uma borracheira – coisa inusitada.
A segunda surpresa é que quando foi para tirar/pôr pneus o lado cavalheiro do bom janota se fez presente. O mau humor do namorado dera lugar à gentileza. E ele no ímpeto gentil pegou a pesada roda. No mesmo instante a borracheira da borracharia deu o comando:
- Alto lá! É meu ofício tirar, arrumar e pôr os trens! Estava usando o seu pleno direito ao minerês. Pois para mineiro TREM é sinônimo não só de transporte ferroviário, mas também pode ser objeto, bicho ou qualquer outra coisa.
Ele viu os furos dados: o “furo” dado com sua macheza de se antecipar à ação da profissional e os furos do pneu. Pediu desculpas à dama destes novos tempos pela seu preconceito machista.
Sanados os problemas mecânicos e das novas etiquetas sociais foi embora. Outras visitas àquela profissional se fariam. Ela ganhara o respeito daquele jovem.
Ele chegou em sua casa e foi narrar as novidades para o patriarca. Depois, à medida que o relato acontecia, este exclamava boquiaberto:
- Ó! É! Í! Ú! E ah!!!
Tudo terminou quando o mineirão do pai arrematou a conversa:
- Uai, sô! Minha avó diria que são sinais do fim dos tempos.
Falas e ditos bem à moda dos antigos mentulas e beleléus.
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 17/08/2018
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