OS 10 MELHORES FILMES QUE JÁ VI

Nesta semana, estava vendo TV e começou a passar um de meus filmes favoritos. A crônica de hoje é sobre 10 dos melhores filmes que já vi e o porquê das escolhas. É uma lista bem volátil, acho que no mínimo a cada ano eu poderia mudar alguns do quinto em diante, todavia duvido muito que algum dia mudarei os 5 primeiros, embora possa mudar a sequência deles às vezes.

Aviso: todo o texto está cheio de spoilers (eu conto trechos dos filmes). Ainda assim, acho que vale a pena ler para quem for ver prestar atenção e para quem já viu relembrar e conhecer meu ponto de vista.

1) BladeRunner, o Caçador de Andróides (BladeRunner, EUA 1982, de Ridley Scott, com Harrison Ford, Rutger Hauer e Sean Young): é meu filme favorito, uma ficção futurista em que o homem criou robôs chamados replicantes iguais aos humanos para tarefas perigosas. Os replicantes têm um prazo de vida determinado, revoltam-se contra isso e são caçados.O filme tem muitas versões e destaca dramas humanos, principalmente sobre de onde viemos e até quando viveremos. A trilha sonora de Vangellis é ótima, com destaque para o tema de amor, o mais lindo solo de saxofone que já ouvi, e o tema final.

A grande cena do filme é quando, após uma luta dramática, o replicante Roy salva seu adversário, o caçador Deckard de sua morte. Em seguida diz, “eu vi coisas que vocês humanos não acreditariam... (...) Todos esses momentos se perderão no tempo, como lágrimas na chuva. Hora de morrer.” Você fica se questionando sobre o porquê, sobre amor à vida. É uma cena maravilhosa, nenhuma descrição lhe fará justiça.


2) Cinema Paradiso (Itália 1988, de Giuseppe Tornadore, com Philippe Noiret, Salvatore Cascio e Agnese Nano): filme sobre um garoto pobre que trabalha num cinema e depois se torna um cineasta famoso. Conta a história do cinema da cidade e de Salvatore. A trilha sonora de EnnioMorricone é sensacional.

Tem muitas cenas fantásticas, minhas favoritas são duas do romance entre Salvatore e Elena, uma garota rica. Após se declarar, Salvatore passa dias esperando em frente à casa dela até que ela decida sair com ele, um momento emocionante. Os pais de Elena são contra o romance e em meio a este começa a guerra, dificultando que eles namorem.

Na segunda cena favorita, em um momento, Salvatore está projetando um filme em uma praça, começa a chover, todos fogem e Elena consegue fugir para ficarem juntos e diz “você não imagina o que tive de fazer para vir te ver”. Para os românticos, uma grande cena.


3) Forrest Gump (EUA 1994, de Robert Zemeckis, com Tom Hanks, Robin Wright Penn e Gary Sinise): história de Forrest Gump, um jovem com problemas mentais e sua vida, contando episódios da história americana e com músicas dos anos 60 a 80. Muitas grandes músicas que marcaram a época fazem parte da trilha, minhas prediletas são Turn, do The Byrds e  Forrest Gump Suite, de Alan Silvestri.

A primeira grande cena do filme é quando Forrest, erroneamente diagnosticado como aleijado e com armações nas pernas é perseguido por garotos num carro. A sua amiga Jenny grita “corra Forrest, corra”, ele arrebenta as armações e escapa e depois torna-se corredor. É o simbologismo de se libertar das amarras que outros impuseram que acho bárbaro.

Outra cena ótima é de quando o tenente Dan, que havia se tornado uma pessoa amargurada por ser aleijado na guerra enfrenta uma tempestade no mar e “briga” com Deus, como se esse o estivesse perseguindo e ele o enfrentasse. A tempestade passa, o Tenente decide retomar sua vida e Forrest diz que “ele fez as pazes com Deus”.

Em outro momento do filme, Forrest está em casa desanimado após a morte da mãe e resolve sair para correr. Começa a correr a esmo, atravessa o país várias vezes, uma legião de pessoas começa a seguí-lo. Então, tão de repente como resolveu correr, decide voltar para casa e larga todos os que o seguiam sem saber porque.

Outra grande cena é quando ele está andando com Jenny, seu grande amor e eles vão parar na frente da casa onde ela morava e era abusada pelo pai. Ela começa a jogar pedras na casa, ele sem entender fica olhando. E diz que parecia não haver pedras suficientes às vezes.

O final do filme é sensacional, Jenny está doente e conversando com ele e pergunta se teve medo na guerra do Vietnã, ele diz que sim, mas às vezes o céu era bonito. Depois lembra do por do sol no barco e de um lago que refletia a paisagem quando corria. Ela diz que queria ter estado lá com ele, e Forrest diz que estava. Depois da morte dela, Forrest está junto ao túmulo e diz “eu não sei se o tenente Dan tem razão e todos temos um destino, ou se é minha mãe que diz que flutuamos pela vida. Talvez seja um pouco dos dois ao mesmo tempo”.


4) O Estranho Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin Button, EUA 2008, de David Finch, com Brad Pitt e Cate Blanchet): conta a estranha estória de uma pessoa que nasceu velho e foi ficando jovem e seu amor por Daisy.

A melhor de todas cenas para mim é a do acidente de Daisy. Ele conta uma série de eventos desconexos que acabaram fazendo com que um taxi atropelasse Daisy e ela não pudesse mais dançar. Ele em vários momentos mostra que se algo não tivesse acorrido do exato modo que ocorreu, o acidente não teria acontecido e Daisy estaria bem. Mas a vida sendo como é, o acaso fez com que ele acontecesse.

Penso sempre sobre o quanto o acaso influencia nossas vidas. Sobre se não tivesse ido à festa, não conheceria minha esposa. Se acertasse uma questão a mais passaria no concurso da Sefaz. Tento pensar que o acaso esteve do meu lado ao menos na maioria das vezes.


5) Antes de Partir (The Bucket List, EUA 2007, de Rob Reines, com Morgan Freeman e Jack Nicholson): O bilionário Edward Cole e o mecânico Carter Chambers são dois pacientes terminais em um mesmo quarto de hospital. Quando se conhecem, resolvem escrever uma lista das coisas que desejam fazer antes de morrer e fogem do hospital para realizá-las.

O filme todo é ótimo. Três cenas são históricas. Na primeira, após ambos receberem o diagnóstico de que vão morrer e ficarem muito mal, Carter pergunta a Cole, “você quer jogar cartas?” e esse responde “achei que nunca fosse perguntar”. É como se quisessem aproveitar o tempo que tinham até o fim, enquanto não houvesse algo que pudesse impedi-los. Sempre penso que deveria ter jogado mais com meu pai quando estava no final no hospital. Ao menos vimos muito “House”, que ele gostava.

Em outra cena, eles estão no topo das pirâmides e Carter conta que uma história de que antes de morrer, uma esfinge fazia às pessoas duas perguntas para decidir se iriam para o paraíso: Você foi feliz? Você fez alguém feliz? Perguntas fundamentais, que me faço todos os dias, ajudam a viver melhor.

A última é mais ao final. Antes da cirurgia que pode tirar sua vida, Carter escreve uma carta para Cole fazendo um pedido, que ele encontre a alegria de sua vida. Cole vai então atrás de sua filha, que não via a anos e realiza um dos desejos da lista “beijar a garota mais linda do mundo”, sua neta. Uma lição sobre o que realmente importa na vida, estar com quem você gosta.


6) O Exterminador do Futuro (The Terminator, EUA 1984, de James Cameron, com Arnold Schwarzenegger, Linda Hamilton e Michael Biehn): na história, um robô é enviado do futuro pelas máquinas para matar a mãe de John Connor, o homem que seria líder dos humanos. John Connor envia KyleRiese para proteger sua mãe, Sarah Connor.

Nem só de coisas alegres com mensagens positivas vive meu gosto por cinema, nem sou todo eu positivo. Tive meu lado dark e pessimista, principalmente dos 18-23 anos. É dessa época a cena que me marcou nesse filme, o final.

Nele, Sarah Connor está grávida e gravando mensagens para o filho que vai nascer e andando escondida no deserto. Depois de gravar para o filho de que vai ter que enviar Kyle para salvá-la e para morrer, porque Kyle será seu pai. E ela fala que os momentos que viveram juntos valeram por toda vida. Ela para num posto e um garoto diz “olhe, vem uma tempestade”. Ela pensa no que a espera e diz, “eu sei”. Pensava nos desafios da vida, faculdade. As dificuldades foram menores do que os bons momentos.


7) Apocalipse Now (EUA 1979, de Francis Ford Coppola, com Marlon Brando, Martin Sheen e Robert Duvall): conta a história do coronel Kurtz, que enlouqueceu na guerra e passou a uma guerra de extermínio e sem comando. O exército manda o capitão Willard para matá-lo.

Sempre gostei de filmes de ação. Esse dá a exata dimensão de quanta loucura é a guerra. Na grande cena do filme, Willard conhece o coronel Killgore, comandante de uma esquadra de helicópteros e surfista. Ao saber para onde vai e que um dos que o acompanha é um surfista famoso, Killgore lembra que há uma praia em uma aldeia vietkong com ondas ótimas no caminho e decide que vai surfar. Só que para isso tem de atacar a aldeia. Ele decola com seus helicópteros e chegando à aldeia põe “A Cavalgada das Valquírias” de Wagner à toda altura para tirar o medo de sua tropa. Matam um monte de gente e depois vão surfar. Não consigo imaginar nada mais doido.

Agora, que essa e algumas músicas são ótimas para tirar o medo, é a mais pura verdade. Antes de fazer meu concurso, ouvi essa música no caminho. De alguma forma, ajudou a passar na prova.


8) As Aventuras de Pi (Life of Pi, de Ang Lee, EUA 2012, com Irrfan Khan e Rafe Sphall): Uma família de um dono de um zoológico localizado em Pondicherry, na Índia, decide se mudar para o Canadá, viajando a bordo de um imenso cargueiro. O navio naufraga e somente Pi, filho mais novo da família, consegue sobreviver em um barco salva-vidas. Perdido em meio ao oceano Pacífico, ele precisa dividir o pouco espaço disponível com um tigre-de-bengala chamado Richard Parker, o qual Pi aprende a domar e tornar seu aliado e que acaba por realizar com ele o resto de sua viagem. O escritor Yann Martel ouve sua história para publicar um livro.

O filme é um poema. Minha parte favorita é no final. Após contar sua história, Pi conta ao escritor que auditores da seguradora não acreditaram nela e que ele contou outra história para eles, fica claro que a história do tigre era uma parábola. Em seguida ele diz que nenhuma das histórias pode ser provada e pergunta ao escritor qual história ele prefere. Yann responde que a do tigre. Pi diz: “assim é com Deus”. Uma história que não pode ser provada, que cada um tem a sua interpretação e acredita se quiser. Bate com meus pensamentos a respeito.


9) Tombstone, a Justiça está Chegando (Tombstone, EUA 1993, com Kurt Russel, Val Kilmer e Michel Biehn): estória de faroeste, conta a luta de WyattEarp e DocHolliday contra os cowboys, em especial Johnny Ringo, com épica reconstrução do duelo no OK Corral.
Nem tudo que gosto é muito profundo. Faroeste é diversão pura, imaginar que as coisas possam se resolver por mágica e o mocinho vencer. Embora a cena do duelo seja a melhor que vi nesse tipo de filme, tenho duas outras que gosto mais.

Há uma cena em que, após um dos seus irmãos morrer e um ficar aleijado, Wyatt manda a família embora e os cowboys mandam homens para matá-lo no trem. Quando os bandidos chegam, o delegado mata um deles e diz: “diga os outros que estou indo atrás deles e que o inferno vai comigo” e inicia a perseguição. Como seria bom se pudesse acontecer isso com os corruptos de nosso país.

A outra boa cena é sobre amizade. Um dos parceiros de Wyatt pergunta a DocHolliday por que ele, doente de tuberculose e debilitado está nessa luta. Doc diz “WyattEarp é meu amigo”. O outro diz, “que loucura, eu tenho muitos amigos”, ao que Holliday responde, “eu não tenho”. Assim é com os melhores amigos, são difíceis de achar.

10) Hannah e Suas Irmãs (Hannah and Her Sisters, EUA 1986, de Woody Allen, com Mia Farrow, Woody Allen e, Michael Caine e ): fala da amizade e conflitos existenciais de 3 irmãs vivendo em Nova Iorque.

O filme tem várias histórias. Entre elas, a de Mickey Sachs (Woody Allen), um judeu hipocondríaco em crise existencial. Ele questiona a sua fé, a existência ou não de Deus e procura motivos para viver. Hannah lhe apresenta sua irmã, mas o relacionamento não dá certo num primeiro momento. Depois, ele a encontra novamente e ele está diferente e alegre. Ele conta que, não encontrando respostas para seus dilemas, decidiu se matar. Mas errou o título e sai atônito pelas ruas. Entra num cinema e começa a assistir uma comédia, e a rir muito. Nesse momento, compreendeu que quase morreu por uma crise pensando no sentido da vida, quando na verdade deveria viver. Eles se casam e vivem felizes.

Acho que tem tudo a ver. Há questionamentos, momentos de depressão na vida, mas é preciso viver e aproveitar o tempo que temos nesse mundo.


Quais seriam os seus filmes? Quais os motivos? Acho que são coisas melhores para se pensar nessa época de tantas coisas ruins ocorrendo por aí. Sempre haverá boas coisas que ocorreram na vida e às vezes a distância entre o desânimo e a alegria é simplesmente escolher no que pensar ou viver, mudar o foco. Pense positivo!
Paulo Gussoni
Enviado por Paulo Gussoni em 23/11/2017
Reeditado em 04/01/2018
Código do texto: T6179651
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