Infelizmente é uma realidade...
O centro da praça é o ponto de encontro , pois ali as pessoas que vêm do interior se reúne enquanto esperam para abrir o comércio, trocando experiências. Durante minha infância, fiz pouquíssimos amigos, não por intrigas, mas sim porque vivia no interior, cidade distante da capital. O lugar estava vivendo seus oitenta ou noventa anos no fim do milênio, e vinha sendo reabitada após a Guerra do Contestado, que deixara o lugar quase abandonado.
Assim, as famílias que ali viviam nos primeiros anos do século XX, entre eles alguns netos e netas da carnificina, agora retornavam e aos poucos reorganizavam-se. Vivemos quase todas a nossa infância brincando, vizinhando e estudando na mesma escola e, por vários anos, sabendo quase tudo da vida uns dos outros. Ali era lugar de vastos campos e pomares de macieiras, a tranquilidade era imensa. Havia um casal de jovens que, conheceram-se, casaram-se e foram morar juntos, e ali, no interior, começaram uma nova família. Sua casa era simples, a dificuldade, notória; pois no início não é fácil para ninguém, ainda mais para quem trabalhava na roça, como ele.
O rapaz era um bom trabalhador, cheio de expectativas, lidava com a terra, mas, devido às necessidades da família, várias vezes precisou trabalhar de empregado ou trocar dias de serviço com vizinhos, como costumava fazer na região. Acordar cedo nos obriga a ser bons trabalhadores; assim, seus três hectares de terra produtiva plantada geraram grande expectativas. Chegando a época da colheita, começaram a fazer planos do que fazer com o dinheiro que ganhariam da safra. A primeira lavoura a gente nunca esquece, mas ainda faltava quase um mês para retirar o produto da terra.
Então, surgiram algumas nuvens no céu com um tom que os agricultores conhecem muito bem, fizeram-se ouvir trovoadas e reluzir relâmpagos, em seguida caiu água e granizo. Acabaram-se os sonhos do rapaz. E assim a vida segue...