Sou um pára-raios de gente louca, ou então alguns amigos meus estão pagando para tirar uma da minha cara, uma espécie de pegadinha fraterna.
Quando não são fantasmas de super-mercado, são as mulheres que me perguntam se sou tradutor, ou então se sou paranormal, e que faço perguntas ao pêndulo em pleno shopping center. A do pão-de -mel, tadinha ela não teve culpa, eu é que fui desatento.
O que me aconteceu hoje, teve como testemunha ocular e auricular, o Fabiano, vendedor da empresa.
Tudo començou dias atrás quando pedi ao Fabiano para ir ao cartório reconhecer minha assinatura em alguns contratos. Ele volta com dois assinados e um não. A pessoa que verifica as assinaturas, achou que a de um documento não era minha. Disse-lhe que quando ele fosse outra vez até lá, que ele tentasse novamente reconhecer minha firma.
Hoje, foi o dia tal. Fabiano retorna ao cartório e leva consigo dois novos contratos assinados naquela hora e na frente dele e mais o outro que não passou no exame da distinta cartorista. Não se passam nem cinco minutos que Fabiano havia deixado o escritório e recebo uma ligação dele.
"Miguel, você vai ter que vir até aqui, pois não querem reconhecer tua firma. O rapaz disse que tem um probleminha".
Pensei, que diacho de problema pode haver em uma assintatura que é igual há pelo menos 35 anos?
Saí correndo para poder resolver a questão da identidade de minha marca gráfica, meu logotipo. Chego ao cartório e Fabiano está parado em frente ao cartório e quando chego perto da porta ele me diz: "Miguel, o cara disse que tem um probleminha com a tua assinatura, mas o que eu acho mesmo é que a mulher que verifica deve ser uma mal amada. Olha a cara dela!!!!"
Se ela era ou não, para mim pouco importava, o que eu queria era saber porque não aceitavam a assinatura "naquele" contrato. Um rapaz de uns 20 anos ou menos vem até mim e diz:
"Sr.Miguel, tem uma probleminha na sua assinatura".
Olhei para ele e disse:
"Minha assinatura é a mesma há pelo menos 35 anos!!!!".
"Pois é seu Miguel, mas sua assinatura tem um probleminha".
"Que tipo de problema?"
"Desculpe seu Miguel mas não posso dizer"
"Ok, então deixe-me ver minha assinatura".
"Seu Miguel, mas tem um probleminha, eu não posso deixar o senhor ver sua assinatura"
Nesse momento pensei: "isso aqui é uma pegadinha. Como não posso ver minha própria assinatura?!!!"
Perguntei-lhe então o que fazer e ele me diz muito calmamente:
"O senhor pode preencher outra ficha e nem iremos cobrar por ela!!!"
Com toda a educação do mundo, pego o cartão e preencho-o novamente. Na frente dele, fiz o preenchimento e assinei duas vezes. Daí ele me entrega aquele documento que não passou pela "bad-loved" cartorista e assino novamente o documento, um pouco mais acima que a anterior. Entrego-lhe o documento e o cartão recém preenchidos.
Vejo que o rapaz está conversando com a "fera" mas não pressinto (é assim que se escreve?) um bom final para a história. Ele vem todo tímido, como se fosse me dar a pior notícia do mundo.
"Seu Miguel, temos um probleminha!!"
Olhei para ele, encarei-o como um Miura na arena e digo-lhe: "daqui para a frente quem vai ter um probleminha serão vocês". Todo desconsolado ele diz:
"Seu Miguel sua assinatura tem um probleminha, ela não bate."
"Como assim não bate? Acabei de assinar os cartões na tua frente, e como não bastasse, assinei o documento outra vez, na tua frente. Como assim não bate? Eu sou eu mesmo, não haveria tempo do meu clone assinar as fichas e o documento na tua frente sem você ver!!!!"
Ele tenta me dizer algo:
"Seu Miguel..." interrompi-lhe já um pouco mais alterado que o normal e disse-lhe:
"Se você disser de novo que eu tenho um probleminha, aí sim eu vou ter um. Meu problema será chamar meu advogado lá da delegacia o de vocês de chamar uma ambulância".
O rapaz coitado não sabia o que fazer. Foi até a víbora cartorista e cochichou-lhe algo. A mulher me olha de longe e diz algo ao rapaz.
Ele volta e diz": "Seu Miguel, tudo bem, a sua assinatura foi reconhecida mas tem um probleminha!!!!"
Comecei a rir pois realmente achei que aquilo era tudo uma piada. Pergunto-lhe: "qual problema agora?"
"O senhor não tem mais trocado"?
Dei-lhe um sorriso maroto e disse-lhe: "pode ser dez?
Fui embora sem saber qual era o probleminha, pode?