Nulla dies sine linea - 18/11/2017
Que maravilha são as memórias de Giacomo Casanova. Traduzo aqui um maravilhoso trecho com a sua opinião sobre os médicos e advogados:
"A minha vocação era a de estudar medicina, pois sentia uma segura inclinação por tal prática; mas não me deram ouvidos: quiseram que eu me aplicasse ao estudo das leis, pelas quais provava uma aversão invencível. Pretendia-se que eu não pudesse fazer minha fortuna senão tornando-me advogado e, pior ainda, advogado eclesiástico. Se tivessem pensado, me teriam deixado seguir os meus gostos, e eu teria me tornado médico, profissão na qual o charlatanismo serve ainda mais que naquela de advogado. Eu não tornei-me nem advogado nem médico, e não podia ser diferente. Pode ser que justamente por essa razão eu não tenha nunca quisto servir-me de um advogado quando me aconteceu de ter de sustentar querelas legais, nem chamar um médico quando fiquei doente. Os sofismas legais mais arruínam do que ajudam às famílias, e são muito mais numerosos aqueles que perecem nas mãos dos médicos do que aqueles que se curam graças a elas, o que demonstra, a meu ver, que o mundo seria muito menos infeliz se não existissem nem um nem outro".