SONHO LÚCIDO
Ontem sonhei que estava num daqueles ônibus dos anos 60 de últimas cadeiras e letras pretas – traduzidas assim: “For colored seat.”
Era um sonho lúcido, quase esdrúxulo, só não o era realmente porque eu sabia o que acontecia. Eu não era negro no sonho – Só em sonho mesmo o “negro” pode sonhar em ser de outra cor!” Acho que eu era algum andarilho babuíno perdido com sede de vingança, tentando encontrar algum laguinho, riacho, rio de correnteza forte ou um bode expiatório para aplacar minha sede e destilar meu sódio.
Volto ao ônibus monocromático. Nos anos 60, seu fosse “vivo” lá, sonhar seria a única coisa que eu poderia arriscar. Talvez tentar alguma coisa mais ousada, mas contando os riscos de grandes porcentagens do azar.
Seu fosse “vivo” nos Estados Unidos, hoje, a chance do “American Dream” seria zero! Mas a do pesadelo Trump é 100% certa!
Já o Brasil não tem nada de lúcido. Nem sonho, tampouco pesadelo... Podemos caracterizar como um pandemônio generalizado, onde o ônibus que outrora eu estava encontra-se imóvel num gigante engarrafamento, por ruas que não possuem semáforos, sinais de trânsito nem em postes ou no chão, impossível de se locomover. Ou seja, várias máquinas ligadas, sem funcionamento, mas gerando muitas despesas. E por último, mas não menos importante, os condutores dessas máquinas são irrelevantes, e o principal condutor, o que comanda o Trânsito – um patético modelo para caricaturas.
Um sonho lúcido acontece na paralisia do sono, quando você ultrapassa a fronteira limítrofe entre o terror e o equilíbrio, assim, todas as vezes que uma pessoa dorme tem grandes chances de comandar seus sonhos... É um verdadeiro sonho isso, não é mesmo?!
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