A MOÇA DA DUSTER.

Algo chamou minha atenção enquanto eu saía do meu local de trabalho com uma sacola de livros em minha mão e atravessava a rua em direção ao estacionamento, onde estava meu carro. Percebi que, a uma distância razoável, havia um cachorro.

Isso mesmo! Um cachorro deitado bem no meio da rua, parecia que estava dormindo o sono da morte, em um ambiente supostamente seguro, mas, enfim, vemos cães nas ruas em quase todas as cidades, alguns abandonados, outros que vivem soltos, saem e voltam para casa quando bem entendem. Os donos dizem que cuidam, mas, às vezes, não têm condições de cuidar adequadamente, ou mesmo lhes falta conscientização.

Pois bem, o cachorro deitado no meio da rua continuava do mesmo jeito, sem sequer se preocupar com o movimento de carros ou mesmo com a gritaria da hora do recreio na escola em frente. Dentro do meu carro, organizando o material para retornar para casa, ouvi que vinha se aproximando outro veículo. Meus olhos voltaram-se para o lugar de descanso do cachorro, imaginei que o fim estaria próximo. Uma picape Duster passou bem próximo ao cachorro, mas permaneceu intacto, deitado no meu da rua. A Duster parou um adiante, e dela desceu uma moça de aproximadamente 25 anos, esbelta e aparentemente simpática, pois desembarcou sorrindo. Ela não sabia que eu estava observando, mas foi até o animal, agachou-se e começou a acariciá-la no pelo. Ser humano e animal pareciam ter instintos que os fizeram compreender a mais sábia das linguagens, e naquela melodia simpatizaram-se, a moça o convenceu a sair do ambiente de risco, pegando-o em seus braços e colocando na calçada. Da calçada, em segurança, o cachorro olhou a jovem se afastar, como se precocemente sentisse saudade de sua nova amiga, que entrou no carro e deu partida.

Enfim, foi-se a Duster. Mas quem seria a moça? Alguém que gosta de cães, uma veterinária ou alguém que simplesmente exerceu a função de proteger os animais e deixou seu legado de valorização à vida?