A preguiça
Essa preguiça que inebria.
Solos de músicas de violão ao fundo, pensamentos em letargia.
Noite de sexta-feira.
Imaginando sonhos num vai e vem que parecem mais bailar.
Como seria o nosso mundo se vivêssemos só o bem?
Sem stress, dores, raiva, notícias ruins, pessoas ignorantes e tantas más.
A vida é um leva e traz já disseram.
E é mesmo, um faz, outro desfaz.
Um cria outro destrói. Um fala o outro grita.
Mas a maioria se entende e é isso que importa.
Nessa preguiça que sinto agora, tudo é possível.
Até nós sermos irmãos de verdade.
Mas não impede de pensar no Brasil de hoje.
Com políticos tão vulgares.
Eles são o retrato do Brasil.
Foram escolhas feitas pela maioria, que vão votar de novo nos mesmos
ou nos indicados deles.
A partir de agora nós seremos eternamente governados por corruptos da direita. Já estão calando as vozes das ruas silenciosamente, poucos percebem.
O Brasil não é um país dos extremos, é um país do amanhã.
Estão vendendo tudo para os estrangeiros e nada podemos fazer.
Somos pequenos demais.
Fracos demais.
Desunidos demais.
Covardes demais.
...Ah, essa música tão gostosa, levando os pensamentos para longe.
Aproximando os amores, trazendo a paz, o conforto.
Lembrei de um senhor hoje pela manhã, todo barbudo na saída da panificadora.
Quieto num canto sem pedir nada.
As pessoas se aproximando e dando-lhe as moedas do troco do pão.
Eu também fui lá e deixei alguns trocados com ele.
Tão simpático, sorrindo e agradecendo como se fosse um amigo nosso de anos. E a gente com aquela vontade de abraçar, oferecer algo melhor.
Às vezes, dá dó da nossa compaixão.
Mas tem momentos que é bem natural.
É um mundo cruel mesmo esse em que nós vivemos.
Tanta diferença entre as raças, as castas, os pobres, os ricos, os materialistas, os que acreditam em Deus, os ateus, os sem teto, os políticos sem-vergonhas.
Difícil ou impossível juntar todos como nossos irmãos.
...Enfim, melhor curtir essas músicas, voar nas cordas desse violão que parece encantado.