RELATO SOBRE UMA PROVA DIFÍCIL
Foi uma prova difícil, e pense na luta grande pra se concentrar! Logo eu, extremamente sensível a ruídos!
A sala em silêncio absoluto, as candidatas tensas, pois ali estava em jogo uma vaga na Especialização em Linguística Aplicada e Ensino de Línguas Estrangeiras, da Universidade Federal do Ceará, um nervoso danado por conta das questões, e a jovenzinha ao meu lado abrindo um pacotinho não sei de quê, um chiado medonho, de embalagem de plástico. Aquele barulhinho chato (parece que quanto mais a pessoa tenta não fazer barulho, mais faz).
Ao terminar de abrir o saco, seguiu-se o barulho horroroso de algo que ela comia, que me fez pensar em pedra, de tão duro. Não sei se era amendoim... acho que não, era algo realmente duro. E a menina quebrava um a um no dente. Era o barulho da embalagem, quando ela enfiava a mão no pacotinho, seguido do estalado nos dentes. Horrível!
De repente a colega detrás dela, dirigindo-se à fiscal:
- Professora, posso mudar de canto?
- Pode sim!
- É porque eu não tô conseguindo me concentrar!
Nesse momento outra do grupo se pronuncia dizendo que também está com dificuldade, mas num tom bem direcionado à colega mastigadora.
E eu orgulhosa de estar ali, morrendo, mas segurando a minha onda. É porque às vezes parece que só eu sou a reclamona, a chata, a incomodada... Então suportei caladinha.
Por ocasião da revolta manifesta, observei a professora educadamente abordando a causadora do desconforto. Pensei: até que enfim, agora vai dar certo. E tentei seguir na leitura do texto que serviria de base para responder às dez questões da prova.
Segundos depois, um novo barulhinho de plástico. Só podia ser o Benedito, pensei. Olho de lado, a criatura, a mesma, pelejando para abrir um brownie, daqueles embalados num saquinho plástico, preso com uma fitinha.
Meu Deus do céu, que fome era aquela?
Eu tava pra pedir a professora pra gente fazer um intervalo e deixar a menina comer à vontade. Fiquei pensando se teria almoçado... sei lá, era noite, mas a fome parecia tanta... cada um com seus problemas (e suas manias).
Mas o importante é que eu consegui só olhar, sem dizer nada. Estou orgulhosa do meu controle, rs.