Imagem feita no Corel por Trovador das Altersas
O nosso mestre e meu compadre amigo e escritor Geraldinho do Engenho, está escrevendo um conto que vou torcer para que ele o publique para que possa comprar um volume e guardar para que meus descendentes no futuro possam se interessar pelo jeito que os mineiros falavam. Digo isto no passado porque não tenho dúvidas que aos poucos esta beleza de linguajar castiço vai desaparecer em todo o Brasil dando lugar ao português correto ou gírias que hoje infestam as grandes cidades a ponto de uma pessoa que não participa não entender nada que dizem.
Quem quiser se divertir com o conto do mestre Geraldinho é só ir à página dele e recomendo começarem do primeiro capítulo e seguir a narrativa, tão empolgante que vão se viciar como eu e acompanhar com interesse toda à historia. De qualquer forma pedi a ele um pouco da prosa e postei aqui como aula. ( Aula... É metido este caipira Trovador, né gente? )
Os ramos ainda fumegavam na fornalha, quando chegou o coronel Certorio, esbarrou sua montaria a margem do sangradouro, apeou amarrando-a a sombra da grande copaíba e bastante otimista entrou na gruta:
Bom dia Dentuço, tô gostano de vê voismicê é memo um home caprichoso, seu iscunderijo tá limpinho, inté cherano a fulorada do campo, alem de tudo tá pontuá tumem, chegô primero qui ieu!
É coroné, má num sei se voismicê vai gostá, essa semana a impreitada num rendeu nada, ieu achei qui ia primiá o coroné cua morte do boi, ma deu tudo errado, aquele mardito né desse mundo não, nadivê coroné cu mardito aprecebeu qui tinha o pó de erva no cocho d’água, quando distrelaros ele mais a suas pareia do ingem ele correu mais qui os zotos seus cumpanheros, infiô os chifres de baxo do cocho intornô tudo misturando a erva cum isterco do currá. Pur sorte cumo a erva é da mema cor do isterco ninguém precebeu. Ficaro tudo mundo imaginano o qui deu na cabeça dele, ma só ieu sabia o mutivo, pru mim aquele mardito é um diabo in forma de boi!
--Oia dentuço ieu tô veno qui ta cumprino diriitinho cum o nosso trato, sei tumem qui num tem curpa se num dano certo. Intonse nois vamo mudá nosso prano. Ieu num vô mais levá voismicê, pru lugá de Barba ruiva cunforme ieu pranejei, ma isso num quer dizê qui tô disistino do nosso trato não. Acuntece qui ieu priciso qui voismicê cuntinua lá na Bocaina, fais o siguinte pur inquanto num fais nada mode iliminá ninguém nem memo o boi. Isquece esse negoço de pexe invenenado. Voismicê vai trabaiano lá de zóio bem aberto, se Nico aparecê pru lá, caça jeito de tumá tento da prosa dele, e me trais nutiça. Ieu tô cuntratano um capatais mais um capitão do mato qui trabaia, pru coronè Tenório, ele ta mim cedeno os dois, aí nois vamo ixicutá um prano qui ieu tem na cabeça, i voismicê nessa hora tem de tá lá pra da cubertura e intra da nossa banda, a gente vai disfarsado na minha carruage eze vai pensá qui é Nicó qui ta ino lá, ieu tô discunfiado quele ta quereno fazê um pacto de pais e cabá quesse perrengue, achano qui vai casá caquela mardita fia Do Tiburcio, ma num vai memo. Ieu vô fazê vista grossa fazeno de conta qui num tô mais importano quele namora a mardita.
Meio dfícil para quem não é mineiro ler, mas vale a pena.
OBRIGADO NORMA JÁ VI QUE É MINEIRA MESMO
17/11/2017 14:19 - Norma Aparecida Silveira Moraes
vô te cuntá uma coisinha
inda tem um cumpadinho
ocê num magina o minierim
vô me la cumê broa de fuba
cumê quejo com cafe cum lete
lá tumem tem chero de lecrim
tem brobria, quiabo, arrois cun aio
cane de poico, bringela, cibola
fumo de roio, cavalo trotão
num tem muinto car nuao
muinta pobeza, mais tem
feleicidade de montão
nóis sumo mui hornesto
fico por aqui, té logo
meu cumpadinho das Arterosas
Para o texto: AULA DE MINEIRÊS 03 (T6173662)
AULA DE MINEIRÊS 03
O nosso mestre e meu compadre amigo e escritor Geraldinho do Engenho, está escrevendo um conto que vou torcer para que ele o publique para que possa comprar um volume e guardar para que meus descendentes no futuro possam se interessar pelo jeito que os mineiros falavam. Digo isto no passado porque não tenho dúvidas que aos poucos esta beleza de linguajar castiço vai desaparecer em todo o Brasil dando lugar ao português correto ou gírias que hoje infestam as grandes cidades a ponto de uma pessoa que não participa não entender nada que dizem.
Quem quiser se divertir com o conto do mestre Geraldinho é só ir à página dele e recomendo começarem do primeiro capítulo e seguir a narrativa, tão empolgante que vão se viciar como eu e acompanhar com interesse toda à historia. De qualquer forma pedi a ele um pouco da prosa e postei aqui como aula. ( Aula... É metido este caipira Trovador, né gente? )
Os ramos ainda fumegavam na fornalha, quando chegou o coronel Certorio, esbarrou sua montaria a margem do sangradouro, apeou amarrando-a a sombra da grande copaíba e bastante otimista entrou na gruta:
Bom dia Dentuço, tô gostano de vê voismicê é memo um home caprichoso, seu iscunderijo tá limpinho, inté cherano a fulorada do campo, alem de tudo tá pontuá tumem, chegô primero qui ieu!
É coroné, má num sei se voismicê vai gostá, essa semana a impreitada num rendeu nada, ieu achei qui ia primiá o coroné cua morte do boi, ma deu tudo errado, aquele mardito né desse mundo não, nadivê coroné cu mardito aprecebeu qui tinha o pó de erva no cocho d’água, quando distrelaros ele mais a suas pareia do ingem ele correu mais qui os zotos seus cumpanheros, infiô os chifres de baxo do cocho intornô tudo misturando a erva cum isterco do currá. Pur sorte cumo a erva é da mema cor do isterco ninguém precebeu. Ficaro tudo mundo imaginano o qui deu na cabeça dele, ma só ieu sabia o mutivo, pru mim aquele mardito é um diabo in forma de boi!
--Oia dentuço ieu tô veno qui ta cumprino diriitinho cum o nosso trato, sei tumem qui num tem curpa se num dano certo. Intonse nois vamo mudá nosso prano. Ieu num vô mais levá voismicê, pru lugá de Barba ruiva cunforme ieu pranejei, ma isso num quer dizê qui tô disistino do nosso trato não. Acuntece qui ieu priciso qui voismicê cuntinua lá na Bocaina, fais o siguinte pur inquanto num fais nada mode iliminá ninguém nem memo o boi. Isquece esse negoço de pexe invenenado. Voismicê vai trabaiano lá de zóio bem aberto, se Nico aparecê pru lá, caça jeito de tumá tento da prosa dele, e me trais nutiça. Ieu tô cuntratano um capatais mais um capitão do mato qui trabaia, pru coronè Tenório, ele ta mim cedeno os dois, aí nois vamo ixicutá um prano qui ieu tem na cabeça, i voismicê nessa hora tem de tá lá pra da cubertura e intra da nossa banda, a gente vai disfarsado na minha carruage eze vai pensá qui é Nicó qui ta ino lá, ieu tô discunfiado quele ta quereno fazê um pacto de pais e cabá quesse perrengue, achano qui vai casá caquela mardita fia Do Tiburcio, ma num vai memo. Ieu vô fazê vista grossa fazeno de conta qui num tô mais importano quele namora a mardita.
Meio dfícil para quem não é mineiro ler, mas vale a pena.
OBRIGADO NORMA JÁ VI QUE É MINEIRA MESMO
17/11/2017 14:19 - Norma Aparecida Silveira Moraes
vô te cuntá uma coisinha
inda tem um cumpadinho
ocê num magina o minierim
vô me la cumê broa de fuba
cumê quejo com cafe cum lete
lá tumem tem chero de lecrim
tem brobria, quiabo, arrois cun aio
cane de poico, bringela, cibola
fumo de roio, cavalo trotão
num tem muinto car nuao
muinta pobeza, mais tem
feleicidade de montão
nóis sumo mui hornesto
fico por aqui, té logo
meu cumpadinho das Arterosas
Para o texto: AULA DE MINEIRÊS 03 (T6173662)