A ONÇA, O JACARÉ E O GOVERNO MICHEL TEMER
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Conta a tradição oral, segundo o professor da UFAM, José Ribamar Bessa Freire, em belíssimo artigo publicado no Diário do Amazonas, do dia 19/03/2027, compartilhado no grupo de ZAP, pelo engenheiro de pesca Rigoberto Pontes, quando a onça ataca o jacaré, ele permanece quieto e impassível enquanto ela começa a devorá-lo pelo rabo. Esse comportamento passivo do Jacaré, teria intrigado pesquisadores como Bernardino de Souza, que o registrou no livro e aos "Lembranças e Curiosidades do Vale do Amazonas" (1873) e os naturalistas ingleses do século XIX, Henry Bates e Alfred Wallace, que registraram no livro “Viagens pelos rios Amazonas e Negro" (1853). Intrigados, todos queriam saber como “um réptil tão poderoso, que acumula histórias de luta, se entregava à voracidade de outro, que tem um volume e um peso menor”? Os cabocos também não encontram explicação.
Diz o professor “parece uma metáfora do que está acontecendo no Brasil. O jacaré somos nós. A onça é o poder. São quatro onças rugindo de forma ameaçadora: o Executivo, o Legislativo, o Judiciário e a Mídia” Por que o jacaré não se defenderia, não lutaria? Essa é a pergunta que fazem alguns cientistas sociais intrigados com a inércia do movimento popular diante da corrupção do governo Temer e dos ataques para eliminar as conquistas sociais, tornando a vida dos brasileiros mais insegura e angustiada, acrescenta o mestre de uma geração de alunos.
“A onça ataca agora com a reforma da Previdência para acabar, na prática, com a aposentadoria. Precisamos cortar na própria carne" - justifica o ministro da Fazenda Henrique Meirelles. A carne que ele quer cortar é a do jacaré para alimentar as quatro onças vorazes, subservientes ao sistema financeiro”, diz o professor e acrescenta “A onça come a metade do orçamento do governo federal no pagamento de juros e refinanciamento da dívida pública, que já ultrapassa os 4 trilhões. É uma caixa preta que nunca foi auditada de forma séria e transparente. Os especialistas garantem que a revisão das normas de pagamento permitiria que o Estado brasileiro não sacrificasse a população, investindo em saúde, educação, segurança social”, garante o professor Beça Freire
O Poder Judiciário, chamada metaforicamente do que está acontecendo no Brasil. pelo professor de “onça gorda” . O jacaré seríamos nós, o povo. A onça é o poder junto com as quatro outras onças rugindo de forma ameaçadora: o Executivo, o Legislativo, o Judiciário e a Mídia - vai receber em 2017, de acordo com a proposta orçamentária, R$ 44,2 bilhões para despesas de pessoal, encargos sociais, benefícios e pensões de pessoal, construção e reformas de prédios. Créditos adicionais de R$ 1,1 bilhão foram aprovados pelo Conselho Nacional de Justiça para despesas não programadas ou insuficientemente dotadas do Poder Judiciário.
A outra onça, a do Executivo, está quase toda na lista do procurador-geral Rodrigo Janot, que enviou ao STF o pedido de abertura de 83 inquéritos para investigar a corrupção praticada por políticos com foro privilegiado, entre eles vários ministros. Nela estão também as onças do Legislativo. Foi encaminhado ainda para outras instâncias do Judiciário pedido para investigar mais 211 pessoas sem foro privilegiado: vereadores, deputados estaduais, prefeitos e governadores.
"Sob o pretexto de lutar contra a corrupção, um grupo de "apostadores" - tomou de assalto o poder, ao som das panelas, do grasnido estridente do pato da FIESP e de um esgoto verde enferrujado da TV Globo por onde escoava a grana da corrupção. Bastava a compra de um pedalinho para o esgoto televisivo derramar rios de dinheiro com ruídos assustadores".
"Uma vez no poder, a onça começou a devorar o jacaré pela cauda. O senador Jucá propôs estancar a sangria da Operação Lava-Jato. Rola uma proposta de anistiar o Caixa 2 das campanhas políticas. O ministro do STF, Gilmar Mendes, garante que corruptos eram os adversários políticos que precisavam ser apeados do poder, os cupinchas, que assaltaram a nação, são apenas "apostadores".
O antigo e o novo presidente do Senado figuram na lista dos propineiros, assim como o presidente da Câmara de Deputados, Rodrigo Maia e muitos parlamentares que vão votar a reforma da Previdência, todos eles com polpudos salários e aposentadoria garantida.
Por que "o jacaré, feroz e terrível para com o homem, é covarde e pusilânime em relação à onça?" Indaga o cônego Bernardino. Que o pato da FIESP fique calado, é compreensível. Afinal, seu presidente, Paulo Skaf, onça pintada, recebeu 6 milhões, segundo delações da Odebrecht. Ele nunca protestou contra a corrupção, apenas manobrava para assaltar o poder. Mas cadê aqueles paneleiros, muitos deles sinceros, tão combativos e ferozes contra a corrupção, e agora enrabados, humilhados e acovardados como o jacaré?", conclui o mestre.