71 = Infinito

Imagino que, assim como eu, alguém possa _visitar_ fotos antigas para... conversar com pessoas mortas.

Fiz isso ontem. Era uma foto da década de 70. Trazia grande parte do elenco do Chaves*. Eles pareciam estar numa área de aeroporto, sei lá. Tinha um tom sépia. Angelines Fernandez, A Senhorita Clotilde (chamar a um Monstro Sagrado da Cultura Pop de "Bruxa" é um erro bem besta, não? Ao menos no contexto em que conduzo essa crônica) parecia pensativa. E Roberto Gomez Bolaños, Deus me livre, lembra demais o Celso Russomano naquela foto... Argh!

Mas voltemos ao que interessa. Já parou pra pensar que você visita fotos de pessoas mortas só para falar com elas? É. Em nível mental, Véi. É sério. Como se fosse possível estabelecer algum contato mais palpável, real. E eles _falam_ com você! CACETE, MANO! É REAL! (Num ensaio – interminááável! – que venho escrevendo desde julho de 2009 eu comento, nalgum ponto, sobre a falsa ideia de imobilidade que a imagem fotográfica passa. Mera ilusão, Véi! É sério. Juro. Mera ilusão. Tudo ali se move. Tudo ali mais que meramente existe. Pena não ser muito observável isso – bem, não pelas pessoas ditas "normais", _cierto_?)

Ah, não tenho palavras para exprimir alguns sentimentos. Perpassam explicação. Wittgenstein condenar-me-ia por ser quem sou e negar a possibilidade de me expressar por palavras. Guardo coisas para mim porque muitas delas oculto inclusive a mim mesmo. Aposte nisso. Há sentimentos mais íntimos que uma relação sexual. Porque está no âmbito do Eu Interior. Talvez não tão perto da alma, mas mesmo assim s'esconde tão bem. Como um sopro de vento que vem de longe. E segue solitário pela noite sem fim. Para se desfazer feito um cristal polido que se quebra quando cai.

Acho que não poderei dar continuidade a mais essa croniquice (crônica + esquistice) minha.

NOTA

Pra quem ficou curioso, segue o link: https://goo.gl/X4KTx5. Acesso em: 14 nov. 2017.