A palavra

A palavra

Dizem que uma imagem vale mais que mil palavras. Mas não há imagem que substitua uma palavra de carinho, de confiança, de resposta positiva, um “sim” no altar, ou até mesmo “eu te perdoo” ou “eu te amo” no calor da emoção.

A palavra dita, verbalizada: Traz consigo todo o peso do sentimento expressado naquela junção de fonemas. Traz consigo a diferença, que na escrita, jamais podemos diferenciar. Posso falar apenas uma sílaba: “TÁ”, que pela minha entonação de voz, meu interlocutor vai diagnosticar sem muito trabalho, se está irritado, decepcionado ou apenas concordando com algo.

A palavra escrita: Com letras arredondadas, inclinadas, graúdas ou de fontes de computador, ela no papel não precisa de som, ela por si só já diz a que veio, ela lacra, enaltece e elogia, te põe trancafiado, te liberta, te ilumina e te ilude, te põe e te retira de apuros e de filas, assina sentenças e completam as linhas pontilhadas de preenchimento obrigatório. Dá veracidade a documentos, dá argumentos a quem, como eu, tem vergonha de falar em publico. Faz-te voar e te prende ao chão, te faz ficar tão atento numa leitura, que é como “embarcar” numa espécie de mundo alheio sem prévia permissão de seu autor, apenas por ele saber quais palavras usar na ordem e no momento certo para te segurar segurando um livro.

A palavra cantada: Esta, sem sombra de dúvida toca muito no coração das pessoas, marca tão profundamente, que te transporta a momentos passados, a pessoas queridas ou a lugares inesquecíveis. Toca tão no âmago, que emociona e faz rir ou chorar, te faz calar e ouvir. Neste formato completa outra linguagem, esta universal, que mesmo que não saibamos nem seu significado, sua tradução, somos capazes de ouvir e entender seu papel naquela melodia, mesmo que seja apenas um onomatopeia.

A palavra pensada e ou esquecida: Motivo de transtorno ou arrependimento. Ficamos arrependidos por deixar de falar algo que está preso na garganta e deveria sair para escrachar com alguém, e deixamos de fazê-lo, por zelo ao próximo. Quem nunca? Quem nunca esqueceu, fugiu da cabeça uma palavra que só ela consegue designar uma situação ou uma coisa? Causa constrangimento quando no meio de uma entrevista não conseguimos achar a palavra adequada para o momento, é realmente embaraçoso uma terceira pessoa te “roubar” a palavra que deveria facilmente sair de você.

A falta da palavra: Entende-se, mesmo que não dita ou escrita como omissão ou descaso, pode te levar a uma dúvida infame, pode te enviar para um caminho errado, pode te induzir a julgar pessoas, e pode te conduzir a fazer algo “proibido” ou que não devesse fazê-lo. Para se proteger dessa “falta”, alguns escritos vem com a seguinte ressalva: “Na falta de confirmação deste conteúdo, entenderemos que seu parecer é positivo.” Boa saída para a falta da palavra.

A palavra no momento certo: Ao contrario da sua ausência, esta de forma geral, nos traz alegria, nos traz alívio, nos traz consolo. Imagine uma criança que ao perguntar ao pai “posso tomar um sorvete?” E recebe um sonoro “SIM” bem diante da loja de sorvetes. E aqueles velhos ditados: “Escapou fedendo”, “A toque de caixa”, “Ao apagar das luzes”, “Aos quarenta e cinco do segundo tempo”, "em cima da hora “... Etc., todos, porém, podem ter seus destinos mudados apenas com uma palavra no momento certo, no lugar certo e para a pessoa certa.

A palavra de honra: Diz muito sobre uma pessoa, mostra a decência e dignidade de uma criatura, mostra um quão confiável ela é. Um homem honrado tem uma palavra firme, se for o caso, nem precisa ser escrita, basta ser ouvida, tem um valor mais forte que dinheiro, tem um peso que corresponde a sua hombridade e honestidade, um homem honrado carrega na sua maleta de confiabilidades a sua palavra em primeiro lugar. Sua palavra é um tiro, sua palavra é o que você construiu ao longo de sua existência, sua palavra basta, meia palavra basta, basta apenas fala-la, basta à palavra.

Maerson Meira. 13 de Novembro 2017.

MAERSON MEIRA
Enviado por MAERSON MEIRA em 14/11/2017
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