DESENCANTO

DESENCANTO

Como uma Princesa, com uma candura e uma vontade imensa de viver, eu a projetei, suas palavras, seu jeito de ser beirava a inocência dos infantes e a maturidade daqueles que vivem os claustros dos monastérios sombrios.

Nos primeiros meses que começamos a nos relacionarmos, se esforçava para ser gentil, afável e compreensiva com suas palavras.

O seu conceito de vida era muito estranho , muito embora o seu passado fora norteado por marcas que denotavam grandes sofrimentos, sua maneira de agir era sempre de mágoas das pessoas que se relacionou ou se relacionava, sempre em sua visão, pareciam deixar sinais de desencontros e ficavam como águas passadas quer um dia moveram moinhos e que após terem percorrido seu caminho não mais tinham importância.

Investi tudo o que melhor tinha na esperança que minha maneira de ver a vida pudesse lhe contagiar, infelizmente aconteceu o contrário, comecei a adquirir o lado egocêntrico e revanchista que nela havia, a minha realidade, o meu jeito de ser foi se perdendo, comecei a me afastar das pessoas que me admiravam e de repente uma sombra de dor e sofrimento começou pairar em minha vida. Infelizmente os meus valores não foram assimilados por ela, por mais que tentasse eu não era mais ouvido. Os valores que ela parecia abraçar mais parecia ser um jogo de interesses, ela parecia atirar-se as coisas do mundo numa intenção subjetiva de agredir e afrontar a todos que a rodeavam. Mesmo diante das opiniões das pessoas que gostavam dela quedou-se a olhar dentro de si mesma e a ver a realidade que estava a sua frente.

È uma pena, pois mesmo hoje, diante do desencanto que me deparei, como um moribundo a nadar contra uma imensa correnteza espero que ela mude e nem é preciso que seja a Princesa de candura resplandecente e nem tão pouco a noviça em seu claustro , mas que goste de si mesma, voltando a amar a vida e tudo que ela contém... espero pacientemente que um dia ela irá mudar...

Março de 2001