Crônica da saudade.
Perdido no silêncio desta manhã agressiva, volto os meus pensamentos ao âmago do coração, que triste chora, revelando em cada lágrima que cai os seus muitos versos de amor.
Neste momento, as lembranças se fazem mais intensas, buscando no brilho fosco daquele olhar a imaginação de um beijo de amor, mas ela… Ela indiferente passa por mim, sem ao menos me perceber ou acenar de volta.
Perdido no silêncio frio de mais essa manhã, eu me questiono se realmente conseguirei viver sem ela, se vou conseguir esquecê-la. Nada parece contribuir, o tempo, que segundo dizem é senhor de tudo, parece não se importar com meus sentimentos, agravando-os ainda mais.
Neste momento, as lembranças me consomem, vejo na tela da memória aquele lívido rosto, o olhar luminoso clareando a escuridão da minha alma. Me tornei um poeta solitário desde então, mesmo em meio a multidão me sinto só. Estou preso no cárcere daquele coração, e assim se configuram os meus dias, seguidas manhãs, lembranças que vem e que vão.
Eu descobri que não sei viver sem ela, sem aquele abraço forte, sem aqueles toques, o traço daqueles lábios ao sorrir, os cabelos soltos por sobre os olhos, tudo enfim, é magnífico demais.
Tornei-me em um guia cego de um coração completamente enlouquecido, vagando na solidão de pensamentos imperfeitos. Estou carente da presença dela, a saudade flagela o peito, deixa chagas na alma, cada pedaço do meu ser, clama por ela, para que retornes sem demora.
Quisera eu ser a sua poesia na forma de uma canção, mas sou apenas uma voz quase inaudível, buscando um pouco de tudo em um pingo de nada.
Perdido no silêncio desta manhã sabatina, jogado no meu canto de solidão, descubro que sou apenas um cronistas esquecido, rabiscando as suas tortas palavras e suas memórias no papel, pescando-as no horizonte do meu olhar. As horas se foram, o dia avança violentamente, mas essa lembrança incômoda continua latejando dentro de mim, ela deseja se ver livre, mas eu não sei como libertá-la, as chaves dessa prisão… Bom… as chaves pertence ao coração da minha amada, o que resta é apenas a saudade intensa, afinal, um dia sem ela, parece uma eternidade.
Certo amigo me disse uma vez que lembrar é viver, perdoe-me o amigo, mas tenho que discordar, lembrar também é sofrer, lembrar também é chorar. Perdido no meu silêncio cheio de saudade, descubro que na verdade não existe o esquecer, ninguém nunca esquece, o que acontece é que as lembranças, não todas mas algumas delas, apenas adormecem, e vez ou outra, esses pensamentos despertam dentro da alma da gente na forma de saudade.
É manhã de sábado, dia de silêncio, nem os pássaros quiseram sair de seus ninhos neste dia tão calmo, vou terminar essa crônica da saudade, mas a saudade que está tão forte dentro de mim, essa infelizmente não vai me deixar tão cedo. Ela não se foi, ausentou-se por um momento - na verdade algumas horas - mas um momento sem ela, é tempo demais para este coração que tanto ama.