QUEM ESTÁ AO MEU LADO?

Qual a razão de olharmos o que escrevemos e restar uma dúvida? Paira no ar:fui eu que escrevi esse texto?

Não por falta de aceitação do que se externou, mas por uma reticência colocada na produção do conteúdo.

Foi além, ficou aquém do que podia ter dito?

Eis o impasse.

Nesse mundo desconhecido e no outro que o didatismo bate às portas e não penetra com a satisfação necessária desejada, por impossível, nos debatemos, e interrogamos.

Difícil viver sem respostas satisfatórias quando a curiosidade é gigante. Por isso me pergunto também, se o insciente de tudo não é mais feliz, e mesmo o insciente que se pensa ciente e se satisfaz com pouco.

Já corri mundo por vários anos para ver de perto as grandes cabeças em suas andanças buscadoras. Se satisfizeram em suas produções magníficas perfeitas e extasiantes? Acharam as respostas para a beleza da natureza quando privilegia seus dons? Estão na minha retina. Sem nenhuma resposta para eles e para mim, a não ser a beleza da edificação em esculturas, pinturas, palavras e obras, arquiteturas.

Já entrei em casas onde habitaram grandes gênios, os maiores, que se perderam também nas perguntas sem respostas. Nelas há uma mística de envolvimento, uma exogenia por força de suas vidas conhecidas e que nos influenciaram fortemente, maravilhando, ou uma endogenia que se explica pela celebrização do talento beneficiado.

Em monastérios o silêncio e a disciplina dos ritos, da colocação homeopática de água em dezenas de pequenos potes às posturas imobilizadas de monges no mergulho abissal ao nada que traz paz e serenidade, mas nada sabe do surgimento da vida, nem como acaba ou de seu prolongamento e como se forma esse pensamento que agora elaboro.

E continuamos batendo nessas portas fechadas. Deus, o Primeiro Movimento, vedou outros alcances a esses pobres seres que somos.

Mas porque sopram em meus ouvidos coisas que desconheço? Por que insistem em que continue a questionar de ilhas desertas até grandes metrópoles procurando algo mais? Andejar por diversos e múltiplos rincões como se fossem oráculos? Sem sucesso, quando devia me abster de saltos impossíveis que muitos acham fáceis.

Estão mudos meus perceberes, ficam a meio passo do veículo da expressão que tento realizar, a palavra, e não distantes ou surdos meus sentidos para o que ouço e está a minha volta, nunca toda a sinfonia, só pequenas notas.

Quem está ao meu lado?

Qual a razão da insistência em soprar, povoar e tornar denso ao meu redor a densidade que imagino, tento alcançar, mas não compreendo?

Que a névoa possa se dissipar invadindo um pouco mais a luz.

Seria tudo a paz? Por que não concedê-la nesta passagem?

Teríamos mais amor, menos sofrimentos e mortes.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 12/11/2017
Reeditado em 12/11/2017
Código do texto: T6169866
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