NUNCA FUI GÊNIO

A par dos comentários elogiosos postado por escritores sobre meus contos, poesias e crônicas, quero agradecer a todos pelas palavras de apoio. Sempre gostei de escrever e desde que a professora Dona Getulina me recriminou em aula,no primeiro ano primário em 1961,fui matriculado com nove anos e a primeira aula foi no final de março daquele ano, porque estava escrevendo muito rápido com meu velho lápis já surrado pelo apontador,a cada dia gostava mais de escrever,mas ainda não estava alfabetizado por completo.Então um dia aprontei na aula,bem antes do recreio e fui mandado para a secretaria, ficar atrás da porta, de joelhos sobre grãos de milho.Acontece que próximo de mim estavam os livros e peguei um para dar uma olhada, li algumas palavras até chamarem do castigo. Com fome,pois perdera a merenda, fiquei emburrado até o meio dia.Depois disso, havia um exame final de leitura, com um texto bem complexo para um cara que ainda não tinha tanto traquejo na arte da leitura. Li-o e passei de ano. Meu pai era analfabeto e a mãe sabia ler um pouco e até tinha uma caligrafia bem bonita, mas nada que pudessem eles ensinar-me, a não ser bons modos e a educação familiar que nos ajuda pela vida toda. Um irmão que vendia jornais aos domingos, trazia-me edições antigas e me mandava ler aquelas notícias do mundo, em voz alta.Assim fui gostando de leitura e de escrever. Nunca fui gênio de nada,mas acho que as pessoas gostavam das minhas ideias formalizadas por escrito, até que um dia já adulto e fazendo o ensino médio noturno, uma jovem professora mandou fazer uma crônica sobre a nossa rotina e dali alguns dias devolveu-as aos alunos com as notas e disse que a minha ficaria nos seus arquivos, de tanto que gostara do meu texto.Pessoalmente agradeço a todos,mas acho que minha professora estava, talvez, num dia romântico,pois nunca fui gênio.

drmoura/nov 2017.

drmoura
Enviado por drmoura em 12/11/2017
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