NÃO SOU CANDIDATO

Não quero ser candidato a nenhum cargo político. Sei que ninguém perguntou, mas já estou me antecipando.

Eu gosto de política. Da que fazemos todos os dias pelo simples fato de vivermos em sociedade e estarmos interagindo uns com os outros. Somos animais políticos, de natureza política. Fazemos política diariamente.

Quando vamos ao supermercado e, encontramos um conhecido, conversando com ele estamos fazendo política. Na escola, com colegas e professores estamos fazendo. . . Política. Em nosso trabalho resolvendo nossas tarefas, o que estamos fazendo é política. Desta política eu gosto.

Engraçado, mas quando falamos em fazer política, soa aos ouvidos como se estivéssemos falando em arranjos, manobras, desvios, propinas. Estas palavras , quando isoladas não chamam atenção , mas associada à palavra política, assumem conotação negativa.

Quando pensamos em Lula, Renan Calheiros, Jader Barbalho, arg!!! José Sarney, não temos boas lembranças. Esses nomes assumem também uma conotação negativa, lembramos das palavrinhas acima.

Faz parte da cultura brasileira acreditar que fazer política é ludibriar os outros com o fim de tirar vantagens pessoais. Isso se deve a grande maioria dos próprios políticos, que usam a política para ludibriar os outros e tirar vantagens pessoais.

Eu gosto da política dos relacionamentos, a conquista de coisas que são necessárias para todos. Digamos, gratuita, sem fins lucrativos. Deveria ter uma lei que obrigasse todo político ao deixar seu cargo encontrar-se mais pobre do que quando entrou.

Dentre as suas inúmeras definições, existe uma que diz que é a arte da negociação para compatibilizar interesses. Aristóteles dizia que política é a ciência que tem por objetivo a felicidade humana. Veja você !

Apesar dos pesares, dos exemplos que vemos em nosso cotidiano, a política em si é nobre. Vivemos nosso dia fazendo negociações e compatibilizando interesses.

Jesus era um grande político.

Gandhi, Irma Dulce, Francisco de Assis, Irena Sandler, Albert Schweitzer também faziam política com nobreza. Meu pai, Seu Antonio Lorenzoni , fez política a vida inteira apesar de nunca ter concorrido a nenhum cargo público, ele nem gostava de política. São destas figuras “políticas” que eu gosto. Para estes cargos eu quero me candidatar.

Vejamos uma coisa. Uma mãe morando numa favela do Rio de Janeiro, com sete filhos para criar, em que o marido desapareceu já faz tempo, pois é, o que você acha que esta mulher faz? Comida? Lava a roupa? Trabalha fora? Nada disso, esta mulher faz política o dia todo, política para manter sua casa abastecida e manter as crianças com saúde. É dessa política que me refiro , que acho importante. É esta casta de políticos que precisariam ser beneficiados com incentivos, subsídios, verbas de gabinete.

O Brasil é, e todos sabemos, um país corrupto, nós somos corruptos. Furamos fila, passamos pelo sinal vermelho, compramos produtos piratas, estacionamos em local exclusivo para idosos, saqueamos cargas de veículos acidentados, vendemos nosso voto, todas estas situações são atitudes corriqueiras que se enquadram como ato de corrupção, já nem percebemos mais de tão normal que se tornou.

Não devemos generalizar, mas a maioria dos políticos tem o péssimo hábito de tratar do dinheiro público como se fosse deles, passam seu mandato inteiro administrando, justamente, o seu próprio mandato, desenvolvendo estratégias e maneiras para colocar em prática sua principal proposta: Perpetuar-se no cargo. Usam deste cargo, por nós remunerado, fazendo negociatas para compatibilizar seus próprios interesses, muitas vezes mesquinhos e nada recomendáveis.

É necessário fazer uma volta para que a política possa realmente ser a arte de compatibilizar interesses e ter por objetivo a felicidade das pessoas.

Para esta nova política eu sou candidato.