FÉ É INTERESSE.

Seria absurdo dizer que a fé é interesseira? Não porque todo interesse que não é escuso é legítimo.

É simples assim como a filosofia coloquial.

Levar adiante a vida para eternizá-la ou mesmo pretender outras vidas é puro interesse, o último maior ainda.

O privilégio pretendido nesta última proposição é ainda maior por facultar uma certa comunicabilidade com os dois espaços. É um privilégio falar com entidades. Quem não gostaria?

Tomás de Aquino assoalhou um convincente sistema filosófico aproximando a fé cristã do Cristo histórico com o pensamento grego aristotélico. Não deu passeios como os mitos platônicos.

Para teólogos da época era impossível cristianizar um Deus aristotélico lhe dando movimento. Não cuidava de acolher princípios contrários aos agostinianos, acreditados no idealismo de Platão, descartado o realismo de Aristóteles. Simplesmente quis trazer para dentro da Igreja um pensador que não concebia um Deus criador nem a vida após a morte.

Eminentes cérebros, aos quais não precisamos nos submeter, diziam, desde Roma - poetas como Lucrécio - que o homem criou deuses e crenças por temor à morte. É a justificativa de ter muitas vidas e eternizar a vida; interesse.

Os adeptos do criacionismo, homem criado por Deus, Força Primeira Indefinível, da qual a antiga aliança conhece as Doze Tábuas e nelas finca efeitos, e a Nova Aliança conhece e aceita seu Filho Jesus de Nazaré, recusado pela lei judia como Messias, tem na vida o bem mais nobre e sagrado perseguida com apuro pelas crenças.

O interesse por uma vida bem maior, eterna, é o tom rebuscado, mesmo e também na vida sequencial que não se extingue em corpo, em círculos premiados ou não em périplo com êxito eterno definitivo a tempo certo.

O termo interesse ainda que possa parecer impróprio para o tratamento é intransponível. Isso é legítimo, ter interesse, todos têm interesses, as vidas se movimentam por interesses. Não há preconceito negativo no interesse, não é censurável ter interesses. Eles são legítimos ou não.

Jesus de Nazaré também teve interesse, ensinou que todos devem ser irmãos por força do amor que deve reinar (deveria) no planeta. Seu interesse era que todos se amassem como irmãos. Interesse é filho da vontade. Todos temos interesses, temos interesses que nossos filhos sejam pessoas excelentes em educação, solidariedade e boa vontade. Cristo, Jesus de Nazaré, Filho e Pai, na Santíssima Trindade mostrou aos seus filhos seu interesse, o interesse de Deus, e por isso seu Pai criou o homem, e mais ou menos fracassado em seu propósito, mandou o Messias, seu Filho, morrer como sinal de amor. O Filho sofreu pelo Pai como Homem em carne e foi ao Espírito pelo martírio e no Espírito viveu sua breve Vida Pública prodigamente rica e inigualável.

Era o interesse da Criatura no objetivo da criação, projetado na Tríade

Sagrada que era Tudo em Um, no Cristo Ungido pelo interesse do Pai.

O interesse do homem, econômico ou moral, o bom interesse, legítimo, é protegido pela lei (direito é o interesse econômico ou moral protegido pela lei), ele se insere fortemente na pretensão legítima imemorial de ter e aspirar uma vida eterna, interesse moral, transitando pela vida terrena como cultor da boa conduta.

Quando se diz que os desígnios de Deus fogem à compreensão humana, eles são vedados a essa mesma inteligência facultada à criatura, por ser enigmática e distante, também, para muitos, a compreensão do interesse. O interesse é como o movimento, com ele se confunde, dá causa à energia e é dela sujeito e predicado ao mesmo tempo. Ocupam o mesmo espaço. Kant é arquicadeira desse ensinamento.

Na fé vigora o interesse mais legítimo quando está assegurada pela Lei Moral que nos chegou pelo Filho de Deus, Jesus de Nazaré. Tanto no teísmo como nos vários deísmos, singularmente, há interesse. Gnósticos de todos os tons lançam seus dardos em variadas direções, agnósticos continuam céleres na calejada e persecutória dúvida aperfeiçoada. No fim todos querem a preservação da vida oferecida por criações cerebrinas ou não. Fé é puro interesse.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 09/11/2017
Reeditado em 09/11/2017
Código do texto: T6167374
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