JÚLIO... AGOSTO, SETEMBRO !

JÚLIO... AGOSTO, SETEMBRO !

"Hoje, eu fico imensamente feliz e orgulhosa

quando lembro que, do alto de meus 8 anos,

fiz uma professora chorar. (...) De alegria."

THALITA REBOUÇAS, in "Fala Sério, Profes-

sor!", edit. ROCCO, 2006/RJ, pag. 33

Na Roma Antiga deuses e deusas (Janos, Marte, Juno, etc) e até imperadores (JÚLIUS Caesar e Caesar AUGUSTUS) nomearam os meses do ano latino que, posteriormente, ganharia Dezembro e mais uns 3 ou 4 dias "de quebra". Mas essa "conversa" (que conversas ?!), digo, esse solilóquio ou "monólogo" surgiu da leitura de bela obra achada no lixo... ser reciclador tem suas vantagens, ficar 71 DIAS no escuro, também. Com luz em casa eu dormia vendo TV, agora ronco até às 2 da madrugada e me "sobram" 3 longas horas até sair a passeio com o vira-lata insociável e feroz da família. Acha-se de tudo nas sacolas à beira das casas e nos "lixões" criados a cada semana por um país sem educação, Educação nem Cultura.

Quem diria que, algum dia, eu leria literatura juvenil ! Pois, sem nada por perto, arrisquei-me a sondar o conteúdo de "FALA SÉRIO, PROFESSOR!", livro de auto-ajuda certamente, gritou meu "pré-conceito"! "Professores ensinam Imperadores", filosofam os japoneses e todas as demais funções e profissões (até a de docente, aliás, mestre) e são figura que muito admiro. Uma certa "quase loura" de olhos azuis é a autora, o terceiro ou quarto livro da moçoila, jovem ainda.

-- "Pepita é espanhol... e Thalita, seria italiano"?!, questiona meu irmão, gracejando.

THALITA REBOUÇAS surpreende, numa escrita suuuper-juvenil que agrada e se encaixa perfeitamente no texto, nos temas e no ambiente escolar retratado -- no meu tempo daria expulsão -- sem uma frase sequer a mais do que cada estória exige. Crônicas reais de fatos acontecidos ?! Ninguém sabe ! É tudo "tão verídico" que nos soa a autobiografia... ela não fez questão de esclarecer "chongas" ! Me agrada mais imaginar que tudo saiu da imaginação dessa "p*t@" escritora... "isso vai dar merda" -- cantariam no Facebook -- mas mantenho a expressão !

As expressões atuais da juventude moderna estão todas lá -- adulto é "mala"! -- e jamais no meu tempo de criança alguém se dirigia aos mais velhos com tanta "sem-cerimônia". "Fala sério, professor"... nem em sonhos ! Aliás, um jornalista de Belém nos anos 90 teve que depor em processo lá "em Sampa" porque, comentando LP recém-lançado de uma artista, tomou a liberdade de escrever que a moça era uma "puta cantora". Falou-se na audiência 52 vezes o palavrão (?!) isto se fôr palavrão, mas não houve jeito: teve que pedir desculpas formais, entre outros prejuízos. Aconselho a quem admira boas escritores e autores ler com urgência as demais obras desta jovem, hoje com uns 33 anos.

Essa crônica tem outro objetivo: homenagear -- a partir do livro da moça -- um professor que tive por pouco tempo, uns 3 meses somente. Entrei em 1969, no Rio, num cursinho à noite, atravessava meia cidade para chegar até êle. Era sobre computadores, coisa da qual sequer ouvira falar. Como cheguei até o curso ? Não sei ! O fato é que fui um dos primeiros jovens a estudar PROGRAMAÇÃO DE COMPUTADORES (IBM/360)... sabe esse teu iPad, iPod, tablet ? Pois somente o carretel de gravação dos dados era o triplo do tamanho desses aparelhos. A leitora (de cartões) e a impressora eram enormes, quase uma mesa de escritório. A gravadora de dados um "armário" de metal e a parte computacional -- epa, isso é quase um palavrão ! -- imensa e barulhenta fazia o chão tremer.

Não levei o menor jeito para a coisa, as linguagens todas (Cobol, Assembler e RPG) eram "grego" para o favelado que só lia "O Pasquim" e revistas em quadrinhos. Com o Curso pago, "troquei-o" pelo Madureza Ginasial -- que também abandonei -- e sobrou disso tudo a lembrança do professor JÚLIO, misto de Jimmy Hendrix e Martinho da Vila (do primeiro disco, bigodinho de jogador de "Ronda"), uma simpatia, sempre sorridente, paciente com "asnos" como eu e disposto a provar que aquela "algaravia" sem graça era fácil e teria futuro.

Não teve... em pouco mais de 10 anos os microcomputadores de mesa "aposentariam" linguagens e maquinaria e na era de Steve Jobs e do "Bill-inário" Gates tudo já vem pronto e pré-instalado, sem necessidade de maiores noções de programação ou de informática avançada. Restou a recordação de um professor inesquecível, que adorava ENSINAR !

"NATO" AZEVEDO (em 8/nov. 2017)