Sobre a responsabilidade de assumir cada não

Algumas pessoas tem a habilidade de estarem tão em mim como se isso fosse parte da minha funcionalidade. E eu coloco em cheque a autodefesa que tenho para evitar que tantas pessoas me habitem dessa forma, prevendo conviver com o vazio que deixam quando partem. E isso vale para todos os meus laços. Eu, que sou tão do afeto, tão do toque, tão dos olhos nos olhos e arrepio na alma. Talvez por isso.

Tanto, que passava pela minha cabeça lembrar que já completaram dois anos do desastre em Mariana, mas para que nos importar com o meio ambiente, não é mesmo? Punição? Pessoas? Talvez o mundo habite em mim mais do que eu gostaria. E pesa.

Essa semana, um amigo me disse com todas as letras: “a verdade é que meu coração está partido”. E eu fiquei no conflito entre dizer a ele que vai passar, mas que seria difícil fazê-lo acreditar nisso agora, ou abraça-lo e deixar o silêncio dos vinhos fazer esse papel. Porque eu sei que apesar de toda minha sensibilidade, meu lado racional sempre vai me alcançar. E as vezes ele está mais em mim que a permissão que dou a mim mesma de arriscar alguma coisa.

Da mesma forma, o mundo e algumas pessoas.

Que a minha funcionalidade nunca me falte num momento de alma tão nua.

*Textos de Quinta - Para fugir da responsabilidade.

Um a cada quinta. Não é promessa, é desejo =)

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 09/11/2017
Reeditado em 09/11/2017
Código do texto: T6166747
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