TITICAS

Eu pensei um monte de coisas aí, mas nada aproveitável; tudo essa titica, essa tristeza de ver, essa garapa azeda, esse ranho de memória desfalecida.

Se uma boa ideia fosse assemelhada a um latifúndio, invadi-la-ia. — Titica! Frase titica!

O fato de forças ocultas terem esvaziado de Jânio as palavras é cúmplice das antigas dos que tramam a mediocridade. Além do mais, tudo que eu falar aqui será mais ouvido do que surdo absoluto consiga ouvir. E aqui vai outra grande bobagem, apesar de audível. Titica!

Não fico quieto, não; alemão só aí no filé, raspando as despostadas, e eu chupando osso de joelho. Nem não, Manezinho, nem não!

Deixa eu falar, deixa eu dar um créu nas prosódias, nas entrelinhas; deixa eu voltar com os complementos, deixa eu instaurar um redez vous...

Não fosse tanto Ki suco que bebi na infância, tava aí agora esse resplendor de existência sem culpa, esse magnânimo Rabbit Paul. — Essa também é outra grande besteira. Titica!

Desconfiei tardiamente das injeções que davam na gente, pra menino crescer forte, essa balela. Deu no que deu. Brava gente brasileira, meu pai bravo, Alcione Mazzeo, a minha primeira punheta, ela ali, nuinha na Playboy. Isso não é besteirol, não; é reminiscência que o mercado não absorve, porque é investimento de longo prazo com alto nível de risco.

Eu cá com as putas? Sei não, sei falar disso não; vou ver o Sargentelli ali, com suas mulatas atrás daquele grande pedaço de vidro de várias cores sobre a televisão. Eu só via as bundas num tom esverdeado; hoje eu tenho as globelezas em 3D, mas acho tudo titica, isso não merece crédito. Titica!

Dona Edite era uma negra que hoje não posso chamar de preta por causa do Movimento. Ela, uma autoridade com a palmatória na mão, quanto nove vezes quatro, dividido por dois, eu que não soubesse não, tá aí, demorou... Titica!

Vá vendo logo como eu caço o asco aqui, acolá... qualquer palavra desamparada é bem-vinda — serve para enredar o que eu poderia chamar de vomitório da prolixidade. Tanta besteira... Não sei se vou mesmo publicar essas asneiras, então, deixa correr solto.

Eu sonhava todas as noites com a minha Monareta, aquela bicicleta de pré-adolescente, mas o meu sonho cresceu antes de se tornar realidade, virou Monark Barra Dupla Circular. Ah! Sei que eu não poderia ser pré-adolescente, porque ainda não havia nenhum. Dândi? — Não! — Isso aqui não é uma besteira!

Mas o Tio Patinhas, doidão, me assegurava que “Hay que endurecer, pero si perder la ternura jamás” e, invariavelmente, fui criança em tempo integral, aliás, isso também não é besteira!

Abafabanca, pirulito de mel em forma de guarda-chuva, broa do seu Carracedo, maria – mole, pão-de-mel (Ops! Acho que já falei isso antes) mas ele é um pão, não é mesmo! Ambiguidades, ambiguidades...

Titicas? Si, pero no mucho!

Masé Quadros
Enviado por Masé Quadros em 09/11/2017
Código do texto: T6166606
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