Natasha!

Certo dia ouvi dizer que não devemos deixar que o nosso passado seja esquecido, pois para que possamos chegar em um grau de maturidade aceitável, precisamos reconhecer os erros que um dia já cometemos.

Partindo dessa premissa, não é que tenhamos que nos orgulhar do que fizemos de errado, temos que mensurar o que foi errado, e tentar fazer o que é correto daqui para frente, como eu sempre fui péssimo em relacionamentos , e pior ainda em escolhas, vou relatar uma história de amor , que não teve um final feliz para os envolvidos, e depois de algum tempo fui entender que eu tenho uma predileção por desafios, mas que nem sempre estive acompanhado de sabedoria.

Hoje estou bem resolvido sobre o fato que aqui trilho, mas demorou anos ate que eu pudesse enxergar de forma madura que o nosso encontro não foi algo do acaso.

Sabe aquela menina com corpo violão, que todos os caras param na rua e assoviam?, aquela menina descolada, de bom papo, que todos desejam mais que um cara como eu, jamais poderia sonhar em ter?, pois bem, vamos ao relato.

Alguns meses haviam se passado, desde o nosso primeiro cigarro juntos na escada do trabalho, outros meses estava por vir entre uma conversa dobre metal e outra, tendo em vista que num passado distante sua vida já havia cruzado a minha, em um underground em Duque de Caxias, onde a piscina foi vomitada por você, e eu nem sabia naquele momento que um dia (precisamente uns 10 anos depois), nosso caminhos se cruzariam.

Você não morreu, por isso vou te dar minha opinião atual, sempre foi charmosa, no jeito que jogava seu cabelo, na forma que segurava o seu cigarro, no seu olhar de menina travessa, de menina doce, apaixonada, mas com sangue fervendo nas veias, a sua forma de andar, se despir, o cheiro de sua pele, as roupas intimas que usava tudo era perfeito, e como eu sou um bom sacana , e um bom sacana não perde o momento de falar o que pensa mesmo depois de anos, que calcinha preta era aquela?, era um fascínio, um frisson, um beijo que acalantava meus lábios, um encontro de dois amantes na cama, um calor inesperado em qualquer que fosse o lugar.

E pensar que tudo começou num cachorro quente em Madureira, próximo ao viaduto Negrão de Lima, e pensar que eu tive a oportunidade, e talvez tenha tido em toda minha vida umas 4 ou no máximo 5 oportunidades de ser amado por alguém.

Tudo era afinidade, as palavras sempre eram completadas pelo outro, muito do que eu escrevo so e lembrado por mim mesmo, pois tenho uma memória fotográfica , até para os apelidos descritos na época, miquita era um deles, Natasha era outro, quem será que você foi para mim de verdade?.

Talvez um grande amor, que pela minha ansiedade em descobrir corpos novos tenha passado sem que eu tenha percebido, e na hora que acordei do sonho , já havia transformado tudo aquilo num pesadelo sem fim, gosto de lembrar, de falar, de tocar os meus pensamentos, não que hoje isso seja algo presente, mas tenho um pensamento que quando estamos com alguém de forma intima, um pouco da essência daquela pessoa fica na gente, e um pouco da gente fica nela também, fico pensando porque não engravidou?, porque não insisti naquilo?, são tantos porquês, enfim.

Hoje apenas presto minha singela homenagem a um amor que sei que foi verdadeiro.

Leandro Vidile
Enviado por Leandro Vidile em 06/11/2017
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