Cronos e Kairos
No meu querido seminário seráfico, já tão distante, três idiomas - o latim, o grego e o alemão - encantavam este cronista, à época, um entusiasmado e fervoroso seminarista franciscano.
O latim, porque era a língua oficial da Igreja.
Eu achava, que dominando o difícil idioma dos Césares, teria condições de ler e interpretar, com precisão e brilhantismo, os textos sagrados.
Não que, em português, os Evangelhos, por exemplo, fossem menos atraentes. Mas lidos em latim, eles despertavam em mim uma emoção diferente.
O alemão, porque eram alemães os frades que lecionavam no meu seminário, e o administravam. Na clausura - que um dia eu poderia vir a morar -, o alemão era a língua oficial da Comunidade .
Quanto ao grego, eu achava que ele contribuiria para o aprimoramento intelectual do futuro sacerdote, além de lhe proporcionar, juntamente com o latim, o domínio completo do português.
No púlpito, na cátedra e na caneta, o fradeco dificilmente seria flagrado claudicando no uso do vernáculo.
De grego quase nada aprendi. Mas saí do seminário gostando demais da língua de Sócrates e Platão.
Talvez por isso tenha bolado uma crônica com este título - Cronos e Kairos.
Todo mundo sabe, que os gregos antigos não chafurdavam com a noção de tempo. O pessoal da velha Hélade fazia muito bem a distinção entre Cronos e Kairos.
Resumindo. Cronos, para eles - lembra o escritor Claudio Moreno, no seu interessante livro Um rio que vem da Grécia -, era o tempo que ia passando, "contado em dias, meses, estações, dividido na infinidade dos segundos e na lentidão dos milênios."
Enquanto Kairos, para os helênicos, e ainda de acordo com o mesmo escritor, "era o momento certo, propício, a ocasião oportuna para as coisas acontecerem".
Quero dizer, que com a idade que ostento, estou mais atento ao Cronos, ou seja, estou curtindo intensamente os dias, meses e os anos que ainda me restam...
interessando-me muito pouco pelo "momento certo, propício, a ocasião oportuna para as coisas acontecerem" - Kairos.
No desfiladeiro onde no momento me encontro, arrastado pelos anos, seguirei à risca o conselho do Mestre Rubem Alves, ou seja, de não perder o agora.
Não esperar "a ocasião oportuna para as coisas acontecerem", mas viver o presente, numa boa, sem pensar no que, amnhã, poderá vir. Será que estou certo?
No meu querido seminário seráfico, já tão distante, três idiomas - o latim, o grego e o alemão - encantavam este cronista, à época, um entusiasmado e fervoroso seminarista franciscano.
O latim, porque era a língua oficial da Igreja.
Eu achava, que dominando o difícil idioma dos Césares, teria condições de ler e interpretar, com precisão e brilhantismo, os textos sagrados.
Não que, em português, os Evangelhos, por exemplo, fossem menos atraentes. Mas lidos em latim, eles despertavam em mim uma emoção diferente.
O alemão, porque eram alemães os frades que lecionavam no meu seminário, e o administravam. Na clausura - que um dia eu poderia vir a morar -, o alemão era a língua oficial da Comunidade .
Quanto ao grego, eu achava que ele contribuiria para o aprimoramento intelectual do futuro sacerdote, além de lhe proporcionar, juntamente com o latim, o domínio completo do português.
No púlpito, na cátedra e na caneta, o fradeco dificilmente seria flagrado claudicando no uso do vernáculo.
De grego quase nada aprendi. Mas saí do seminário gostando demais da língua de Sócrates e Platão.
Talvez por isso tenha bolado uma crônica com este título - Cronos e Kairos.
Todo mundo sabe, que os gregos antigos não chafurdavam com a noção de tempo. O pessoal da velha Hélade fazia muito bem a distinção entre Cronos e Kairos.
Resumindo. Cronos, para eles - lembra o escritor Claudio Moreno, no seu interessante livro Um rio que vem da Grécia -, era o tempo que ia passando, "contado em dias, meses, estações, dividido na infinidade dos segundos e na lentidão dos milênios."
Enquanto Kairos, para os helênicos, e ainda de acordo com o mesmo escritor, "era o momento certo, propício, a ocasião oportuna para as coisas acontecerem".
Quero dizer, que com a idade que ostento, estou mais atento ao Cronos, ou seja, estou curtindo intensamente os dias, meses e os anos que ainda me restam...
interessando-me muito pouco pelo "momento certo, propício, a ocasião oportuna para as coisas acontecerem" - Kairos.
No desfiladeiro onde no momento me encontro, arrastado pelos anos, seguirei à risca o conselho do Mestre Rubem Alves, ou seja, de não perder o agora.
Não esperar "a ocasião oportuna para as coisas acontecerem", mas viver o presente, numa boa, sem pensar no que, amnhã, poderá vir. Será que estou certo?