A MORTE DE UM JUSTO
"Solte-se! Liberte-se! Voe! E tudo o que o universo produz de belo e grandioso será alimento para o seu coração, inspiração pra a sua mente e luz para os seus olhos."
Carlos Torres Pastorino.
Recebeu o nome de Gabriel em homenagem ao Anjo Gabriel, pois seus pais eram muito religiosos e devotos do anjo. Estava acamado já há algumas semanas e sua saúde piorou nos últimos dias e seu médico o havia desenganado dizendo que não havia mais nada para ser feito. Moribundo em seu quarto e a família e alguns amigos faziam parte da vigília.
Ele não sentia dores e nessa hora extrema começou a falar: meus pais estão me esperando, um pouco além estou vendo minha esposa e meus tios. Estou vendo também meu amigo Pedrinho e nem sabia que ele estava lá. Sua fala foi diminuindo e baixando de tom e somente balbuciava palavras desconexas, olhou ao redor e silenciou-se.
A morte estava consumada, silêncio absoluto, ouvia-se o tique-taque do relógio de parede. Passou um minuto e ninguém ousava falar e uma criança pequena disse para sua mãe: depois ele levanta e anda. Em sua inocência ela queria dizer que somente aquele corpo estava morto e sua alma iria para a Mansão dos justos, iria participar da Ceia do Senhor, onde não existe dor e sofrimento, tristeza ou angústia, frio ou calor. O espírito é eterno e só corpo perece, aí está havendo a renovação da vida, havendo morte e nascimento.
O corpo de Gabriel está inerte, não há mais nenhuma função biológica, a vida prostrada diante da morte. Ele viveu como um justo e morreu como um justo, cumprindo sua jornada na terra, deixando dor, saudades e sofrimentos para os que ficaram.
Seu corpo emudeceu, mas sua alma tem outra jornada a percorrer. . .!