"WAL" - A MAGIA DA MÚSICA
"WAL" - A MAGIA DA MÚSICA
Não sei como conheci Waldilson Albuquerque, nem quando soube que era violonista... talvez através de meu parceiro de dupla "quase sertaneja" Abiezér Silva, seresteiro e escritor. O fato é que em 1989 fizemos uma gravação caseira -- na casa do artista plástico Nelson Guedes, infelizmente falecido -- de canções minhas e de coisas da Capoeira. Minhas letras ganharam "roupagem" nova de um mago do violão, amante de Zé Ramalho e seu magnífico intérprete. Inesquecível seu violão no "AvoRai", o autor aplaudiria de pé.
'Wal" tinha músicas próprias muito interessantes, uma delas com o título de "Como os Animais" (suponho), seria sucesso imediato assim que fosse gravada. Apresentou-se em nov./1990 no Teatro Waldemar Henrique a meu pedido, junto com a cantora Lígia Saavedra -- abrindo o evento "Aquarela de Belém" -- mas sequer lembro se chegou a mostrar seu talento autoral naquele dia... irritei-me com a debandada do pessoal (de uma quadrilha junina) após sua apresentação, fiz um discurso irado sobre Cultura e respeito à Arte e dei o show por encerrado. Nem mesmo eu, com Repentes e Cordéis decorados semanas a fio, subi ao palco ! Os versos todos "pululam" no meu cérebro até hoje !
Mas, voltemos ao "Wal"... era deficiente físico num grau sério, inclusive das mãos, mas com o violão nos braços nem se notava. Fazia o que queria, "esnobava" quem estivesse assistindo, exibindo técnica apurada que certamente não se aprende vendo nem ouvindo. Só tinha um problema (que eu não sabia): não podia beber ! Lhe bastava 1 copo de cerveja e nem voltava pra casa... ao lhe conseguir apresentações desencadeei a inclinação pelo vício adormecido e isso foi sua perdição. A esposa nunca me perdoou e, com filha pequena, separou-se dele, o que agravou ainda mais o problema pessoal.
Uns 3 ou 4 anos depois, quando voltei a procurá-lo,ela vendera a casa e o encontrei "encostado" meio de favor numa Igreja Evangélica próxima. Adiante, tempos depois, já entre cachaceiros num jardim, num estágio sem volta. Acabo de ler, entre papéis achados como reciclador, reportagem onde um pesquisador defende a teoria que o sucesso não depende apenas de talento: é preciso sorte ! No exemplo, a vida de 2 pedreiros vindos do interior 30 anos antes... um encontrou apoio numa família, que lhe pagou os estudos e a formação como engenheiro civil, hoje com forma própria e renda mensal de R$ 15 mil reais. Já o outro é porteiro há 20 anos, não conseguiu estudar e ganha R$ 1.800,00 para trabalhar 10 ou 12 horas diárias !
"NATO" AZEVEDO (em 30/out. 2017)