COSTUME

Estados Unidos é quase unanimidade quando pensamos no que importamos de outros países por necessidades básicas, por um simples apreço sentimental ou aquela vontade de colocar uma camiseta do Capitão América e pertencer a galera massa, G8 mundial, “top da balada”. Mas com o encontro de civilizações vem o choque cultural.

E quando refletimos mais um pouco percebemos o quanto as culturas do Tio San e do Zé Carioca são conflitantes, especialmente quando falamos de costumes. Hotéis norte americanos não costumam ter café da manhã para seus hospedes, pois nada é mais saudável e sensato do que ir até a lanchonete da equina e ingerir um MC Donalds logo pela manhã. Já na América do Sul, não importa muito o que será deglutido nas primeiras horas do dia, uma fruta ou um suco, o indispensável é acordar a família via Whatsapp com uma corrente que evoque Nossa Senhora seguido de um “Bom dia grupo”.

Nos últimos anos podemos presenciar um ataque de zumbis, vampiros e bruxas, não só nas telas, mas também em nossa vida fora do Netflix. Naqueles segundos de vida fora do Netflix. O Brasil resolveu cair de cabeça no Halloween, com alguns erros de cálculo e perigo de fratura, mas caiu de cabeça.

Estamos acostumados a culpar os norte-americanos pelas piores iniciativas de cunho ocidental como porte de armas, molho barbecue na costela e aparelhos eletrônicos que imitam os japoneses, mas com certeza não se pode colocar na conta dos estadunidenses a culpa por qualquer personagem que destoe da verdadeira e clássica representação do Halloween, agora com adaptações em terras tupiniquins, como o assustador Dollynho ou presidentes da república que são facilmente confundidos com vampiros tradicionais. Se há qualquer erro na interpretação da lenda ou na disseminação da história a culpa é nossa. Precisamos procurar conhecer, aprender e compreender, afinal NÃO É NOSSO COSTUME.

Dia 31 de outubro, é Halloween, ao final do expediente eu entro no ônibus de volta para casa. Todos os lugares da lotação estão lotados, quase todos lugares, resta um, um lugar do lado de uma figura sinistra, uma figura muito sinistra. Homem, aparentemente 30 anos, de blusa branca e calça jeans. Camiseta branca com manchas vermelhas semelhantes a sangue, muito reais para não ser. Pensei que tudo bem, é Dia das Bruxas. Mas também tinha cicatrizes nos dois braços e um punhal que escapava para fora do bolso da calça seu cabo, muito real para ser apenas brinquedo e maquiagem.

Decidi enfim sentar ao lado do homem, pois é Dia das Bruxas e no Brasil não temos assassinos em série, e podia bem ser uma fantasia. Bom não temos assassinos em série, mas temos ladrões, traficantes, deputados e afins. Pensei melhor e decidi ficar de pé, pode até ser Halloween, mas NÃO É NOSSO COSTUME.

Paxeco
Enviado por Paxeco em 01/11/2017
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