JOGADO ÀS TRAÇAS

Quantas vezes ouvimos falar que alguém, enquanto caminhava tranquilamente na rua foi assaltado ou que teve o celular furtado ou roubado? Então a vítima anestesiada, e com toda a razão, entra em pânico ou permanece inerte sem saber o que fazer. É verdade que situações como essas são contadas todos os dias por um vizinho ou pela mídia. E então refletimos de quem é a responsabilidade sobre tais acontecimentos? Alguns por experiência própria dirão que a segurança de todos é responsabilidade dos órgãos que compõem o Sistema de Defesa Social. Outros dirão que a responsabilidade é da legislação penal e daqueles operadores do direito que propõem medidas e penas alternativas, que ao invés de reabilitarem o infrator a uma cidadania ativa, o incentiva ainda mais a cometer crimes e retornar ao meio social mais motivado ao delito e experimentado para a vida criminosa. Já a Constituição Federal de 1988, no seu artigo 144, nos diz que “a segurança pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos”. Como assim?

Certamente, conforme acima, não é difícil constatar que todos aqueles que compõem a sociedade são dinamicamente responsáveis pelo meio em que convivem. Isto quer dizer que todo cidadão deve também contribuir para que no seu bairro e em sua rua a vida social possa permanecer harmoniosa. Todos nós, por causa da correria do dia, às vezes, não voltamos nossa atenção ao que ocorre ao nosso redor. E por assim dizer permanecemos alheios, desatentos a nossos vizinhos, aos que frequentam nosso bairro, à toda ruptura de ordem social na comunidade. Dessa forma, quando não assumimos uma postura ativa para conduzirmos nosso grupo social é possível que o ambiente descuidado possa ser propício ao cometimento de crimes, além de outros males que podem acometer os comunitários. Para a nossa reflexão podemos nos lembrar de um verso musical, que já nos dizia, o compositor Geraldo Vandré que “quem sabe faz a hora e não espera acontecer”.

Outrossim é que conhecemos, há poucos dias, um grupo de atitude rara e valiosa. São pessoas conscientes, que de iniciativa própria e organizada, se mobilizaram e se reuniram para transformar uma triste realidade. Eles querem revitalizar as praças do seu bairro para que pessoas de bem voltem a ocupar esses locais públicos e tornarem esses lugares mais saudáveis para as famílias, crianças e jovens. O grupo, no primeiro momento, se propôs a uma nobre ação: realizar o replantio de mudas de árvores nesses locais. Além disso sabemos todos que quando um local público, por exemplo, fica “jogado às traças”, a tendência mais certa é que ele se torne cada vez mais insalubre. Isso quer dizer que alguns, quando se deparam com lugares ermos, sujos, escuros, baldios, a disposição natural é que os vândalos se aglomerem ali, ocupem aquele ambiente que passa a se tornar ponto de uso de drogas e consequentemente ponto certo para cometimentos de outros crimes violentos. Percebemos então que o espaço torna-se totalmente favorável à desordem, à violência e convergente à uma selvageria sem fim.

Vale dizer que qualquer um de nós pode adotar atitudes construtivas que vão colaborar para a melhoria da vida em sociedade. O que se observa é que muitos sucumbem a esperar a iniciativa alheia. Mas também esses, por vezes, não querem sair do lugar e permanecem em sua zona de conforto. De outro modo, o que podemos ainda inferir é que para um desenvolvimento aprazível de uma área comum é inescusável a participação de todos. O problema de sensação de insegurança, nesse caso, pode ser minimizado com ações positivadas da própria comunidade em conjunto com os órgãos públicos policiais, seja ele qual for. Essa aproximação se faz cada vez mais indispensável. Ainda assim, temos que estar conscientes e sensíveis que os problemas sociais, como: desemprego, falta de escolas, falta de moradia, fome, sede são situações que envolvem toda a administração pública em suas searas e também a comunidade para que proativamente saibam como trabalhar e reivindicar seus direitos. Alguns desses problemas citados, se não forem sanados podem indubitavelmente desaguar na precariedade pública e acarretar ainda mais mazelas sociais. E então, vamos juntos à batalha?

Michael Stephan
Enviado por Michael Stephan em 27/10/2017
Código do texto: T6155025
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