A morte de Kennedy.

Me lembro como se fosse hoje...!

A campainha tocou e meu pai foi atender, e eu desci junto as escadas da sobre loja aonde morávamos. Tinha apenas nove anos , corria o ano de 63.

Era Pepe, um espanhol granadino, da nossa pequena colônia e convívio, o Brasil era feito de pequenos núcleos, regionais ou estrangeiros, assim nos protegíamos e ajudávamos, era um tempo de imigração.

Olhou para o meu pai e disse;

"- Juan, sabe quién murió ?

- No, no lo sé ...quién ? ( Preocupado) .

- Mataran a Kennedy !

- No puede ser, de verdad ?

- Si, lo mataran ! "

Naquela manhã fiquei olhando os dois , atônitos , conversando na porta de casa, e não era como das outras vezes...Sabia que Kennedy era de todos , pela conversa que tratavam.

Temos que entender que no ano de 63 as notícias não chegavam como agora, a comunicação era truncada e a comunicação realmente ia de porta a porta.

Ele admirava Kennedy, como todo o mundo , (ele representava a liberdade), o meu pai era um homem culto e democrata até a medula, fugira de uma ditadura franquista tentando dar a sua família uma vida mais digna, e esse assassinato representava um golpe baixo, como os avanços comunistas e a discriminação racial.

Meu pai ficou em silêncio, como de costume, era um homem endurecido, e abaixou a cabeça em profundo pesar.

Esse dia ficou gravado para mim, e agora vejo que o tema vem à tona, porque a verdade boia, mesmo que tarde.

Tudo indica que J. Kennedy foi morto por avançar demais em nome da liberdade !

Aragón Guerrero
Enviado por Aragón Guerrero em 27/10/2017
Reeditado em 27/10/2017
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