O Fio do bigode
Ainda somos quem queremos ser? Ou será que em algum momento seremos, ou já fomos? Meu avô, dizia, que homem se mede pelo bigode. Não há propriamente a necessidade de possui-lo na pratica. Desde os tempos primordiais da nossa existência, se fala no homem como um todo, mulheres obviamente, não possuem, mas mesmo assim têm caracter, ou ao menos tínhamos.
Eu, criado com meu avô, aprendi desde cedo, mesmo antes de fios pretos me rabiscarem na cara, de que um fio de bigode valia mais do que um escrito. Hoje nem o bigode nem o escrito. Em tempos de campanha eleitoral, aparece cada solução miraculosa para aprumar nosso município, estado, ou até mesmo o país, com os políticos te sufocando com pedidos de votos. Este ano, ao menos, nenhum, até o momento veio até mim, ainda, mas por precaução não carrego mais minha carteira.
Isso já me preocupa. Quando o silêncio se faz, é porque tempestades se pintam. Antes tempo, se conheciam os deputados pelo partido, hoje, não se conhece nem o partido, dividiam o congresso entre Ruralistas, Evangélicos, Oposicionistas, Situacionistas, alto e baixo clero, entre outros. Agora além do Alto Clero, os que cobram de 15 á 20% de propina, o Médio Clero, de 10 á 15% e o Baixo Clero, menos de 10%, têm a bancada Sanguessuga, do Mensalão, do Mensalinho, dos Vampiros, dos Adoradores de Cueca, entre outras.
Eu até diria onde foi que estes políticos enfiaram o bigode da Ética, mas minha educação não permite. Aliás, educação é algo raro, neste país. Na campanha prometem, educação, emprego, saúde, segurança... para quem? Eles obvio. Estão seguros, com o dinheiro que põem no bolso todo o mês, o declarado e no desviado. Há que diz que têm trigo no meio deste joio. Mas em um congresso que um senador diz que noventa por cento dos congressistas cobram propina, cem por cento são corruptos. Pois estes dez que sobram são no mínimo coniventes. Mas gastamos saliva e papel atoa, pois num país com a lei só para um dos lados, eu posso ser preso por falar, e não provar, eles escondem bem as provas, eles são congratulados por roubar.
Há algum tempo, quando o pai deixava um filho na sala de aula, recomendava a professora, “Se lhe incomodar pode dar umas palmadas”. Hoje é o aluno que bate na professora, e os país, e o conselho tutelar, protegem este projeto de delinqüência. Dizem que repreender um aluno em frente aos colegas é humilhação, mas matar um jovem, na frente dos pais, todos os três amordaçados, não é humilhação? O que você faria com este criminoso? Alguém acha que devemos dar-lhe o direito de defesa? Ele não começou a delinqüir ontem. E os direitos humanos, fizeram algo por esta família? Proteger não educa. Punir sim educa.
Neste mesmo país, em que uma desempregada rouba um pote de margarina, fica quatro meses atrás das grades, um assessor parlamentar é pego com a propina na cueca, e fica livre. Bem feito. O povo é burro. Não rouba. Este sim é o país do futuro, que não chega. Talvez o futuro esteja nas ilhas Caymann, provavelmente enviado junto com o nosso suado imposto, que passa férias por lá faz tempo. Já estamos tendo que esconder nossa cara, envergonhados por sermos honestos.