EMPATIA.

As 06h40min, chego na Igreja Matriz, vazia de seres humanos, mais repleta de recordações dos momentos antes aqui passados e dos antequeridos, um silencio comparado só ao da solidão na calada da noite. Olhei em volta, todas as passagens de ar e das pessoas estavam abertas, os bancos alinhados verticalmente e horizontalmente formando três naves da porta principal até o altar mor. Firmei meu pé direito sobre a pedra do batente da porta, e nesse momento o silencio que dominava o local, como que por falta de gravidade, sugou-me para o interior do templo.

Caminhei rumo ao sacrário, e diante daquele local só de segredos, meu corpo esfriou e tremeu. Não sei bem se nessa ordem, Sei que tudo senti naquele momento!... Deu um branco momentâneo em minha mente, fração de segundos, mas o suficiente para ser angustiante. Palpitou-me o coração, senti uma calorificação na face. Meus olhos marejaram, e aos pouco comecei a entender o que via, comparando em empatia com as Marias da vida de Jesus. Maria Madalena, Maria Jacobi, Maria Salomé, Maria Cleofas, citadas no Evangelho.

Conforme ler-se nas narrações evangélica compreendi perfeitamente o que sentiram aquelas mulheres, que chegando ao tumulo de Jesus, encontraram vazio na manhã daquele domingo da ressurreição. É o vazio de uma segunda perda em pouco tempo. Não uma perda por desaparecimento, mais a perda por furto. Quando sente se uma impotência, uma humilhação total que tira todas as forças para reagir dentro de uma lógica aceitável.

DOMINGOS INÁCIO.

DOMINGOS INÁCIO
Enviado por DOMINGOS INÁCIO em 26/10/2017
Código do texto: T6154010
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.