EMPATIA.
As 06h40min, chego na Igreja Matriz, vazia de seres humanos, mais repleta de recordações dos momentos antes aqui passados e dos antequeridos, um silencio comparado só ao da solidão na calada da noite. Olhei em volta, todas as passagens de ar e das pessoas estavam abertas, os bancos alinhados verticalmente e horizontalmente formando três naves da porta principal até o altar mor. Firmei meu pé direito sobre a pedra do batente da porta, e nesse momento o silencio que dominava o local, como que por falta de gravidade, sugou-me para o interior do templo.
Caminhei rumo ao sacrário, e diante daquele local só de segredos, meu corpo esfriou e tremeu. Não sei bem se nessa ordem, Sei que tudo senti naquele momento!... Deu um branco momentâneo em minha mente, fração de segundos, mas o suficiente para ser angustiante. Palpitou-me o coração, senti uma calorificação na face. Meus olhos marejaram, e aos pouco comecei a entender o que via, comparando em empatia com as Marias da vida de Jesus. Maria Madalena, Maria Jacobi, Maria Salomé, Maria Cleofas, citadas no Evangelho.
Conforme ler-se nas narrações evangélica compreendi perfeitamente o que sentiram aquelas mulheres, que chegando ao tumulo de Jesus, encontraram vazio na manhã daquele domingo da ressurreição. É o vazio de uma segunda perda em pouco tempo. Não uma perda por desaparecimento, mais a perda por furto. Quando sente se uma impotência, uma humilhação total que tira todas as forças para reagir dentro de uma lógica aceitável.
DOMINGOS INÁCIO.