DIVERSA IDADE
DIVERSA IDADE
Me sinto velho, sem tempo para os modernismos e modismos dessa geração, sem espaço para contextualizações tão diversas das que me trouxeram até aqui... me vejo com uma idade diversa da minha, não pelos anos que já passaram por mim, mas, pelos que por eles passei, de uma lembrança ainda cristalina, na mente carrego décadas que vivi, porém, pelas transformações que vivenciei parecem mais, não que tenha uma experiência de vida tão intensa ou rica assim, é que muita coisa mudou, no mundo e em mim também.
Vivemos uma espécie de metamorfose, onde o individualismo só não supera a vaidade, a espécie humana parece ter tudo, menos, humanidade, uma nova geração um tanto anômala e quase andrógena; Tudo para demonstrar que se tornou um gênero de diversidade, que o que diversifica, diverge ou é diferente da coletividade não se torna singular, sui generis e sim a pluralidade de aceitação por normatização subliminar de normalidade.
Vemos isso em quase tudo, dos governantes aos governados, da cidadania a marginalidade, agora temos em voga a diversidade de gênero, legítimo, todos e absolutamente todos são iguais perante a lei, premissa que por si só já deveria encurtar o debate, mas não, apenas fomenta mais o embate, da intolerância de uns à vitimização de outros, sendo cada indivíduo responsável por suas ações e escolhas, devem estar cientes e em pleno conhecimento do ônus que suas opções possam gerar, digo isso pelo simples motivo de estar hoje os conceitos muito mais atrelados a escolhas e opções do que a orientação natural ou adquirida em ambos os casos, tanto de intolerância como de vitimização.
O que se faz parecer normal nem sempre é natural, sendo o que é o normal para muitos, nem sempre será o natural para todos... de fato, me sinto velho, ou ao menos com pensamentos velhos, mas estou bem, almejando pela minha velhice em idade, e que ela chegue cada vez mais rápida, pois também quero surfar na minha diversidade, quero uma velhice sem cicatrizes em meus conceitos, sem maculas em minhas escolhas, sendo elas opcionais ou não, quero apenas a sabedoria simples de meu avô e a candura singela de minha avó, me bastará os exemplos retos de meu pai e a serenidade infinita de minha mãe, como espelho para o homem que quero ver nele refletido no porvir;
Quero envelhecer como eu mesmo, com largas entradas nas frontes, com linhas na face e mesmo tendo a velocidade dos movimentos limitados que os fios de prata cubram uma cabeça ainda pensante.