O Bar Dela
20:00 horas das noite de todas as sextas eu virara mais uma taça de vinho italiano, já era o sexto copo, porem não me deixaria a ter tonturas ao ponto de sair vomitando pelos cantos...iria esperar por ela.
Poderiam julgar um lugar imundo, pelo fato de terem mulheres que trocariam prazer em troca de míseros 50 reais ou até mesmo HIV, mas pelo visto os cavalheiros estavam pouco se lixando, as musicas era quase as mesmas de sempre às vezes eles ousavam a tocar um Caetano Veloso, só as vezes. O bar do Sr. Messias era simples e humilde, como quem vinha aqui, mesmo que sejam imundos...Assim como eu.
De repente a ultima gota da oitava taça escorrendo pelo meu queijo eu a vi entrando logo colocando o avental: Ela
A menina de 16 anos que trabalhava de garçonete para ajudar a pobre mae, ela fazia a loucura dos homens com apenas um simples sorriso os fazendo dar gorjetas altíssimas... Eu era um deles. Sua inocência era impecável, por mais que recebesse cantadas fúteis nunca as entendias... Era melhor assim.
Eu não teria coragem de falar com ela, apenas a observava:
-Boa noite senhor.
Falou com um belo sorriso no rosto, e eu retribuo... Mas não disse nada, apenas abaixei a cabeça, não seria capaz de respondê-la com meus 30 anos... Se é que me entendem..
Então depois de horas admirando rara beleza, me levantei paguei a conta e dei sua gorjeta de que tanto merecia e me direcionei a saída, porem senti algo me segurando pelo braço... Era ela.
Eu a olhei tão pequena e tímida cujo suas delicadas maçãs do rosto denunciavam:
-Des-Desculpa senhor, mas poderia lhe dizer seu nome?
Meus lábios entreabriram... Mas os fechei novamente, pois Sr. Messias contará do sua paixão adolescente por mim... Infelizmente não poderia retribuir, pois essa admiração que eu tinha sobre esse anjo... Era de uma filha... como aquela que perdi junto com minha esposa no trem.
Meus olhos se encheram de lagrimas e sabia que o bar era dela, sem ela eu não conseguiria ficar aqui, então soltei das suas mãos e me virei sumindo na escuridão do beco, mas ouvi seus suspiros chorosos que sumiram com a distancia. E nessa noite matei seus sentimentos com meu rosto forçando indiferença com a sua presença.
Aquilo já era de sextas passadas, novamente me encontro aqui... mesma mesas...mesmas mulheres...mesmas musicas...mas e ela???
Sempre aparecia na sexta ate a oitava taça minha e já estou na decima primeira!!
Mas agora tudo parecia amargo, o álcool se tornou insuportável como o tempo também se tornara, e logo vi o senhor Messias, cabisbaixo com olhos vermelhos, me aproximei dele e bati em seu ombro, seus olhos traziam tristeza e amargura, quando do seu bolso do avental me entregou um colar feito de barbante com miçangas:
-O bar era dela cavalheiro... Agora tudo se tornou repugnante...Ate mesmo o fim de sua vida...
E nessa noite perco mais uma filha e ela perde um amor intimo não correspondido...
De: Sr. Urubu
Para: Sra. Ela