TIROTEIO DE ALUNO, JUSTIÇA COM AS PRÓPRIAS MÃOS ("A justiça é o direito do mais fraco. — Joseph Joubert)
Lendo sobre o incidente do colégio Goyases, onde o adolescente ferido por bullying chegou ao extremo, matando e baleando alguns dos seus agressores. Devo considerar que o Bullying é um crime, primeiramente pela a devastação que causa na alma, refletindo em todo o ser das vítimas, depois dando teor rixoso às suas reações. Há quem diga que o motivo do garoto agir com arma de fogo não foi o bullying que sofria, mas porque tinha um caráter satânico e era admirador do Nazismo. Acreditar assim é atribuir a culpa só ao assassino, e "culpar o outro é um escapismo diante da omissão dos fatos e a não compreensão dos efeitos" (Dhiogo J. Caetano). Contudo, o bom senso me diz que ninguém colhe sem plantar; se assim, Deus nos obrigasse, cometeria injustiça. Além do mais, o contraponto está nos depoimentos dos colegas, todos entrevistados disseram que o garoto da arma sofria bullying sim. Então, ele usou a arma que lhe estava mais acessível, agindo em sua legítima defesa!
"A paz só se conquista com a Justiça!" (Hermes C. Fernandes). A justiça deve ser aplicada pelas autoridades constituídas, de quem é de dever, mas na ausência dessas, faça-se-lhe o coagido com as próprias mãos. E não me atribua apologia a violência. Defender a própria vida é um direito irrevogável. Não quero entrar aqui no juízo de valor, do certo ou errado, sobretudo a recomendação bíblica é: "amar o próximo como a si mesmo." Que cada um lute primeiro pela sua própria vida e saúde... Assim terá o parâmetro e referencial para amar o outro.
Você lamenta pelas mortes do tiroteio na unidade escolar, mas não lamenta pela dor e sofrimento do garoto desmoralizado por muito tempo. Ninguém tem o direito de fazer campanha para dar desodorante a ninguém, corrompendo a performance da caridade. É fácil se livrar de um "fedorento", é só sair discretamente de perto dele, sem sofrer nem fazê-lo sofrer. Você no lugar dele, que jamais suportaria ser chamado sequer de feio, gay, preto, pobre etc. o que faria? Responde Bertolt Brecht: "Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem."
Disse Cláudia Hanna: "Concordo com você Claudeci Andrade, o que falta em nossa sociedade é respeitar o indivíduo como ser único, com suas qualidades e seus defeitos. Existem situações que vão acabando com a pessoa, coisas que quem está de fora acha besteira, mas para quem é o alvo da chacota, sofre muito, infelizmente precisa acontecer uma tragédia dessa para que se aprenda a respeitar o próximo."
Obrigado, Cláudia Hanna, pelo equilibrado pensar! Estou feliz por não me tachar de louco, pois seria bullying também. Eu sempre acreditei que se não for possível serem respeitadas as pessoas pela as vias pacíficas, na base da educada tolerância, aceitando-as como elas são, com seus defeitos e tudo, pois ninguém é perfeito, então que alguém corajoso diga de forma trágica esta lição demais necessária, Maquiavel que o diga.
Que o medo de uma nova tragédia possa coibir o tal bullying. Desrespeito deve ser combatido pelos arautos da justiça, uma vez tornando-se o bem vencedor, estabelecer-se-á a paz! E agora, nada é mais adequado do que as palavras do Bento Fleury, firmando-nos a esperança: "De fato, cada um morre um pouco na morte de cada outro, mas, os fragmentos de alegrias clareiam o coração e impulsionam nossos passos a seguirem adiante, da forma possível, até que, um dia, todos estejamos juntos numa nova pátria sem adeus!"