O MEDO CAPITALISTA
Hoje o mundo, o Brasil e as pessoas são assolados pelo medo de assaltos, às vezes com morte, de balas perdidas e de atentados terroristas. Mesmo tendo havido demonstrações de solidariedade e manifestações pedindo paz.
É necessário reconhecer que esta situação generalizada de medo é a consequência última de um tipo de sociedade que colocou acumulação de bens materiais acima das pessoas e estabeleceu a competição e não a cooperação como valor principal. Ademais escolheu o uso da violência como forma de resolver os problemas pessoais e sociais.
A competição deve ser distinguida da emulação. Emulação é coisa boa, pois traz à tona o que temos de melhor dentro de nós e o mostramos com simplicidade. Nos torna altruístas. A competição é problemática, pois significa a vitória do mais forte entre os competidores, derrotando todos os demais, gerando tensões, conflitos e guerras.
Numa sociedade onde esta lógica se faz hegemônica, não há paz, apenas um armistício. Vigora sempre o medo de perder, perder mercados, vantagens competitivas, lucros, o posto de trabalho e a própria vida.
A vontade de acumulação introduz também ansiedade e medo. A lógica dominante é esta: quem não tem, quer ter; quem tem, quer ter mais; e quem tem mais, diz, nunca é suficiente. A vontade de acumulação alimenta a estrutura do desejo que, como sabemos, é insaciável. Por isso, precisa-se garantir o nível de acumulação e de consumo. Daí resulta a ansiedade e o medo de não ter, de perder capacidade de consumir, de descer em statussocial e, por fim, de empobrecer.
É isso aí!
Acácio Nunes